(IN) Suspeição
Edmar de Oliveira Santos*
Favela é densa de barraco, de gente sem título, de
beco para andar, de lama a escorrer, de subida e descida que dispensa academia.
Nela tem suspeição: Quem sobe? Quem desce? Quem é você, meu irmão?
Cara de mais um, cara de ninguém, quando por sorte se
“salva” um, com certeza já morreram cem. Veja lá! É lugar curioso, de agitação frenética que
empolga visitação. Bem verdade que não em todas!
– Para, para aí! Encosta! Mora onde? Em que
comunidade? É suspeito!
– Tem carteira de trabalho assinada? Faz o quê?
Operário padrão! Tá bom, passa aí.
Um carro, uma casa, um condomínio, tudo de luxo!
Entra e sai – bairro é nobre – Sai da favela, se esconde no luxo, ninguém te
percebe, a luxuosidade proporciona insuspeição! Será mesmo?
Nesse estilo tudo é amplidão. Difícil saber quem mora
ao lado; não interessa, basta saber que tem condição de estar ali. Não deve ser
interessante também saber que condição é essa!
– Boa noite! Documentação, por favor! Onde mora? Na
comunidade? Até mais doutor!
A discrepância do ter e não ter; do ser e não ser,
vai causando cegueira racional. Generalidade é burrice, nos ensina a cidade
mais que a filosofia. Vemos ricos “pobres” buscando aventura na favela e
“pobres ricos” morando em condomínio de luxo.
Clausura na comunidade, no vai e vem das ruas
caminhando a pé; vez por outra se agacha quando um estampido foi ouvido.
Clausura de condomínio, de shopping Center, lugares legais, melhor ficar dentro
do que fora – sei lá, pode ter tiro na rua.
Deixa a vida nos levar! Pois, sejamos ricos ou
pobres, como diz a música, “o velhinho sempre vem!”. Seja de preto ou de
branco!
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