quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

CRÔNICA - (In) Suspeição (EOS)


(IN) Suspeição
Edmar de Oliveira Santos* 


Favela é densa de barraco, de gente sem título, de beco para andar, de lama a escorrer, de subida e descida que dispensa academia. Nela tem suspeição: Quem sobe? Quem desce? Quem é você, meu irmão?



Cara de mais um, cara de ninguém, quando por sorte se “salva” um, com certeza já morreram cem. Veja lá!  É lugar curioso, de agitação frenética que empolga visitação. Bem verdade que não em todas!

– Para, para aí! Encosta! Mora onde? Em que comunidade? É suspeito!

– Tem carteira de trabalho assinada? Faz o quê? Operário padrão! Tá bom, passa aí.

Um carro, uma casa, um condomínio, tudo de luxo! Entra e sai – bairro é nobre – Sai da favela, se esconde no luxo, ninguém te percebe, a luxuosidade proporciona insuspeição! Será mesmo?

Nesse estilo tudo é amplidão. Difícil saber quem mora ao lado; não interessa, basta saber que tem condição de estar ali. Não deve ser interessante também saber que condição é essa!

– Boa noite! Documentação, por favor! Onde mora? Na comunidade? Até mais doutor!

A discrepância do ter e não ter; do ser e não ser, vai causando cegueira racional. Generalidade é burrice, nos ensina a cidade mais que a filosofia. Vemos ricos “pobres” buscando aventura na favela e “pobres ricos” morando em condomínio de luxo.

Clausura na comunidade, no vai e vem das ruas caminhando a pé; vez por outra se agacha quando um estampido foi ouvido. Clausura de condomínio, de shopping Center, lugares legais, melhor ficar dentro do que fora – sei lá, pode ter tiro na rua.

Deixa a vida nos levar! Pois, sejamos ricos ou pobres, como diz a música, “o velhinho sempre vem!”. Seja de preto ou de branco!


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