NÃO ERA A ECONOMIA?
Rui Martinho Rodrigues*
A inflação brasileira alcançou níveis
civilizados. Os juros são os mais baixos já vistos por toda uma geração de
brasileiros. A economia volta a crescer, sinalizando o fim da recessão em menos
tempo do que em Portugal, Grécia, Espanha e outros países que viveram uma crise
semelhante.
Até o desemprego parou de crescer e começa a
declinar mais cedo do que se esperava, por ser sempre a última coisa que se
recupera após uma recessão. A lavoura apresenta um volume de produção
extraordinariamente elevado, valendo-se mais do aumento de produtividade do que
do aumento da área plantada. A balança comercial tem obtido resultados
favoráveis, aumentando ainda mais as já expressivas reservas de divisas.
É a economia que determina o humor dos
eleitores? Não, todo determinismo é equivocado. A economia é um fator
politicamente importante. Não tem, todavia, o poder de influenciar, sozinha, a
política. Todos os indicadores econômicos favoráveis não evitam o recorde
negativo de popularidade do presidente.
A recuperação econômica inevitavelmente é
lenta e o eleitorado não compreende isso. A cegueira dos paradigmas faz com que
até pessoas letradas e bem informadas achem compreensível que treze anos de
governo petista não tenha sido suficiente para equilibrar o endividamento
herdado do governo FHC, apesar da economia mundial ter ajudado – mas acham
imperdoável que dois anos não sejam suficientes para a recuperação plena da
economia brasileira.
As reformas são outro fator importante para a
formação da opinião pública ou publicada, como diria Churchill (1874 – 1965), conjunto
complexo de variáveis que escapam ao entendimento da maioria dos brasileiros;
contraria a ideologia hegemônica; fere poderosos interesses corporativos;
necessariamente retira vantagens, pois não se faz ajuste de contas sem dor.
As redações ideologizadas dos órgãos da grande
mídia, escolas, parte significativa do clero e demais formadores de opinião, não compreendendo ou mentindo deliberadamente, fazem campanha contra a economia
ortodoxa, a única que dá resultado. A elite suicida permite que as suas
empresas de comunicação, ou por ela financiada com os seus anúncios, assim como
as escolas onde os seus filhos estudam, sejam aparelhadas.
Foi criado, apesar de tudo, o teto de gastos,
que talvez não seja possível implantar, devido à situação calamitosa das contas
públicas e aos problemas políticos. As reformas administrativa, tributária e
previdenciária não foram feitas. Mas, nem um mágico as faria, nas atuais
circunstâncias.
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