quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

ARTIGO - Precisamos de um Novo Parlamento (CA)



PRECISAMOS DE
UM NOVO PARLAMENTO
Cândido Albuquerque*



Denomina-se parlamento a instituição política que forma parte do governo de um país e que tem como característica principal estar composta por vários membros, de diversas tendências ideológicas, religiosas e sociais, sendo, pois, a instituição que melhor e mais diretamente representa o povo. 

Além da chamada função típica, que é a de legislar (o que não é pouco), no caso do Brasil, cabe ao parlamento muito mais, especialmente fiscalizar os atos do Presidente da República e “zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes”.

Nesse sentido, nenhuma reforma importante pode ser introduzida na vida dos brasileiros sem a aprovação do Congresso Nacional. Nos sistemas bicamerais, como é o caso do Brasil, surge o Senado da República como um “olimpo” moderno, com função moderadora, onde representantes dos Estados e do povo, em representação igualitária e membros com mais de 35 anos, têm a prerrogativa de, dentre outras atribuições, julgar o Presidente da República e os Ministros do Supremo Tribunal Federal. Sim, é isso mesmo! Os Ministros do Supremo Tribunal Federal estão sob a “jurisdição” do Senado da República nas infrações político-administrativas cometidas no desempenho da função, o que, por si só, mostra a importância do Senado.

Nesse contexto, enquanto o Poder Executivo normalmente é exercido por um partido, e o Judiciário é apartidário, o Legislativo, nos regimes democráticos, é pluripartidário, pelo que, representando quase todos os segmentos sociais, representa, por excelência, os anseios do povo. É, assim, um poder fundamental para o equilíbrio democrático da nação, sendo, portanto, a instituição que melhor e mais eficientemente calibra o equilíbrio entre os demais Poderes. Espera-se, portanto, que seja integrado por homens e mulheres de reputação ilibada e passado limpo.

No caso do Brasil, lamentavelmente, não é esse o cenário que se apresenta! E sob todos os aspectos.

Boa parte dos deputados e senadores é acusada ou está sendo investigada pelo cometimento de crimes, e alguns parlamentares são acusados de desvios de verbas públicas, razão pela qual estão sujeitos a julgamento pelo STF. Ali, muitos são “defendidos pelo tempo” e se livram dos processos pela prescrição. E mais, alguns “operam”, dissimuladamente, com o serviço público, e outros ficaram ricos contratando, também dissimuladamente, com o poder público.


Esse é o lamentável quadro do nosso Parlamento, apesar, registre-se com louvor, da presença de alguns que honram e dignificam o Legislativo. Nesse quadro, já se tornou “coisa comum” o Executivo negociar verbas com parlamentares para aprovar leis e emendas à Constituição, o que bem demonstra a decadência dos “nossos representantes”.

Não podemos mais aceitar que parlamentares negociem indicações para órgãos públicos de onde esperam vantagens ou que negociem verbas que destinarão a prefeitos em troca de votos para a reeleição. Precisamos dar um fim nessa promiscuidade, e, certamente, isso não será alcançado com a recondução de muitos dos que hoje operam dessa forma e querem voltar. Precisamos mudar a imagem do nosso parlamento, ou nenhuma mudança será verdadeira.

A qualidade da composição das nossas casas parlamentares, embora alguns não percebam, é fundamental para o reequilíbrio do Brasil e a construção do nosso futuro. Não podemos mais tolerar que políticos profissionais se equilibrem na função pública, ou que herdeiros mal-sucedidos na vida privada encontrem no Parlamento uma atividade profissional.

Diante desta realidade, ou mudamos a nossa representação parlamentar, pelo voto, imediatamente, ou, seguramente, o problema político brasileiro deve ser creditado ao eleitor.


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