BERRANTE
Reginaldo Vasconcelos*
A noite me alcançou, estendeu-se em ausência de ti, que desusaste o
telefone me fazendo só, apenas da tua solidão. Abismo da tua voz, sede de um alento-palavra que arejasse o meu
espírito noturno, ofegante, sangrando de silêncio.
Berrante pastor chama a rês que não foi contada. Rio imaginário a
teria tragado; felino-pesadelo devorara; solitude terrível de marrã extraviada.
Entrementes, mil clones de tua imagem, sorrisos de mel, corpos em
compota, olhos de visto, me procuram e me encantam. Encantam-se às vezes,
exatamente do meu jeito de ser alheio, da minha liberdade blasonada por outros
amores.
Sozinho na mesa, o amigo que partiu para o éter comigo talvez, que
é sábado no bar de sempre e há cerveja. Rio sozinho, com ele quem sabe, que nos
uniu, e que a cavalo na saudade te leva um abraço.
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