ALEX
Totonho Laprovitera*
Totonho Laprovitera*
Anoitecia na Serra da Meruoca, quando surgiu a inesperada falta de energia elétrica na minha casa. Objetivando a solução para o problema, logo tratei de ligar para Kiko, notável personalidade de muito prestígio na localidade:
– Alô, Kiko?
– Tudo bem menino?
– Tudo, afora a falta de
luz.
– Quer dizer energia
elétrica.
– Pois é. Ei, como hoje é
sexta-feira, que é que eu faço pra resolver isso?
– Menino, pode deixar que
vou ligar para algum eletricista resolver o seu problema.
– Ô, valeu então.
E assim ficou acertado. Não
tardou e logo chegou um disposto eletricista que, de imediato, saltou da motocicleta
e detectou o problema:
– Doutor, aqui é rápido. É só levantar a canela!
– Doutor, aqui é rápido. É só levantar a canela!
– E por que a canela caiu?
– Ah, pela humildade
relativa do ar...
– Humildade?
– Sim, aqui a humildade é
grande... Pronto, vou resolver o problema...
E resolveu. Eu, feliz da vida com a volta da luz, procurei me acertar com o profissional:
E resolveu. Eu, feliz da vida com a volta da luz, procurei me acertar com o profissional:
– Quanto lhe devo?
– Deve nada não, doutor...
– Como, nada não? Você tá
fora do expediente de trabalho, se larga lá não sei de onde e não vai cobrar?
– Doutor, o doutor Kiko
pediu preu vir aqui e resolver o seu problema. Resolvi rápido, não por que tenha
sido só uma canela caída, mas é que pra gente do doutor Kiko eu não cobro nada!
– Tudo bem, vou ficar lhe devendo essa, mas você não vai se recusar a tomar uma comigo.
– Bem...
– Você bebe?
– Eu gosto duma cachacinha.
– E o tira-gosto é
bacupari!
– Ôpa, bom demais!
E fui buscar a teimosa. Ao voltar, servi em dois pequenos copos e iniciei o brinde:
– Bem, à nossa saúde!
– À nossa!
– Ô, rapaz, me desculpe,
mas como é que é você se chama?
– Pode me chamar de Alex.
– Alex. Quer dizer que você
se chama Alexandre?
– Não doutor, meu nome
mesmo é Francisco das Chagas.
– E por que Alex?
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