domingo, 29 de setembro de 2019

CRÔNICA - Contos de Guimarães Rosa (ES)


CONTOS DE
GUIMARÃES ROSA
Edmar Santos*



De resumido, é mais ou menos assim...

Uma mulher, quatro homens e um destino de morte.

Ela de casório com o primeiro, homem simples do campo; se enrabicha pelo segundo, homem de trato militar.

Os enrabichados, na ausência do primeiro, se põem a trocar afagos na casa dela, que também é de seu marido.

O primeiro, chegando de surdina não alardeou nada, mas tramou vingança contra o segundo. Armou-se de arma de traição; já na casa do segundo e de longe, pensando que era o seu alvo que tinha atingido, viu que foi um erro, e feriu o terceiro seu irmão.

O segundo, sabendo do feito, de choro no rosto jurou vingança também.

O primeiro, por medo se jogou no mundo; o segundo do mesmo jeito, em perseguição.

De doença o segundo morreu sem poder se vingar, porém, antes do último suspiro ajudou de bom coração um quarto necessitado, que trazia um filho doente; lhe deu recurso e recebeu admiração de troco.

O primeiro, recebendo a carta de amor de sua mulher, se alegrou sabendo da morte de seu perseguidor. Se achando livre, de perfume no pescoço, se arrumou e regressou.

No caminho já de volta, o quarto encontrou o primeiro, lhe deu um tiro certeiro que por fim o matou.

Moral da história: Em Sagarana, nem a vingança de amor, nem a vingança de dor, conseguiram se sobrepor à vingança de gratidão.


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