NOTÍCIA
INESPERADA
Edmar Santos*
Juliete estava sentada
na praça de alimentação, no piso L3, do Shopping RioMar Fortaleza, e se
deliciava com seu Burguer King e Coca-Cola. A boca cheia fala da satisfação do
estômago.
De soslaio, percebeu
que seu smartphone vibrou em alerta de chamada. Freneticamente, com a mão direita
digitava, enquanto a esquerda tentava não despedaçar o que restava do sanduíche.
Leu e releu o texto; chorou...! Lágrimas sempre denunciam sentimentos.
Cabisbaixa e calada,
mãos trêmulas, falava através do corpo em expressões faciais e gestos;
inquietou-se na cadeira, levantou-se, olhou para os lados... Sentou-se. A
agonia sempre entala no meio do peito.
Dor, quanta dor ela
expressava pelas mãos trêmulas e olhos lacrimejantes. Juliete não tinha com quem falar naquele instante; ninguém conhecido por perto, ninguém confiável.
Resolveu descer pela escada rolante e se dirigiu ao estacionamento com nome de
uma praia. Sempre falta alguém no momento angustiante.
Procurou na bolsa a
chave de seu Fiat Mobi, mas as lágrimas embaçavam sua visão; tateando, conseguiu
encontrar. Ignição, câmbio automático, direção hidráulica, tudo facilitou a
dirigibilidade, ainda que o tremor já atingisse o corpo por inteiro. A mente em
turbilhão, não sabia seu destino, nem atinara de ligar o Waze. Só queria ir...
Percorridos alguns
quilômetros aleatoriamente, Juliete resolveu estacionar o carro. Amenizado o choro intenso, respirou um pouco
profundo... Reprisou momentos, situações, pessoas e coisas. O sempre rememorável
“filme da vida!”.
De muito refletir;
recomposta, enxugou o rosto com um lenço de papel da caixinha que sempre traz
no porta luvas. Não retoucou a maquiagem, porém, fitou-se por alguns minutos no
espelho do quebra-sol. Quase nunca nos olhamos em nossos próprios olhos.
Juliete não era adepta de religiões, no entanto se dizia cristã. Lembrou do trecho de uma música gospel
e cantou com voz trêmula, porém, com conformação: “Deus me deu.../ Deus
tomou.../Bendito seja o nome do Senhor.../.
Vida que segue, afirmou.
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