quarta-feira, 18 de setembro de 2019

NOTA CULTURAL - Panelinha


PANELINHA*


Inspirados na Academia Francesa, Medeiros e Albuquerque, Lúcio de Mendonça, e o grupo de intelectuais da Revista Brasileira idearam e fundaram, em 1897, junto ao entusiasmado e apoiador Machado de Assis, a Academia Brasileira de Letras, com o objetivo de cultuar a cultura brasileira e, principalmente, a literatura nacional. Unanimemente, Machado de Assis foi eleito primeiro presidente da Academia, logo que ela havia sido instalada, no dia 28 de janeiro do mesmo ano.

Como escreve Gustavo Bernardo:

Quando se fala Machado fundou a Academia, no fundo o que se quer dizer é que Machado pensava na Academia. Os escritores a fundaram e precisaram de um presidente em torno do qual não houvesse discussão”.

No discurso inaugural, Machado aconselhou aos presentes:

Passai aos vossos sucessores o pensamento e a vontade iniciais, para que eles os transmitam também aos seus, e a vossa obra seja contada entre as sólidas e brilhantes páginas da nossa vida brasileira”.
  
A Academia surgiu mais como um vínculo de ordem cordial entre amigos do que de ordem intelectual. No entanto, a ideia do instituto não foi bem aceita por alguns: Antônio Sales testemunhou numa página de reminiscência:

Lembro-me bem que José Veríssimo, pelo menos, não lhe fez bom acolhimento. Machado, creio, fez a princípio algumas objeções”.

Como presidente, Machado fazia sugestões, concordava com ideias, insinuava, mas nada impunha nem impedia aos companheiros.

Era um acadêmico assíduo. Das 96 sessões que a Academia realizou durante a sua presidência, faltou somente a duas.


De pé: Rodolfo Amoedo, Artur Azevedo, Inglês de Sousa, Bilac, Veríssimo, Bandeira, Filinto de Almeida, Passos, Magalhães, Bernardelli, Rodrigo Octavio, Peixoto; sentados: João Ribeiro, Machado, Lúcio de Mendonça e Silva Ramos.


Em 1901, criou a “Panelinha” para a realização de festivos ágapes e encontros de escritores e artistas, como a da fotografia acima.

De fato, a expressão panelinha foi inventada destes encontros, onde os convidados eram servidos em uma panela de prata, motivo pelo qual o grupo passou a ser conhecido como Panelinha de Prata.

Machado devotou-se ao cargo de presidente da Academia Brasileira de Letras durante 10 anos, até a sua morte.



Como homenagem informal, ela passou a chamar-se “Casa de Machado de Assis”.

(Fonte: Wikipedia)


* Panelinha: Segundo o Dicionário Aurélio, esse termo indica “grupo literário muito fechado e unido, dado a elogios recíprocos” – já lhe dando conotação depreciativa, com acepção especial de “conluio para fins pouco sérios”. Mas, remetendo à panela de prata em que eram servidos os acepipes dos ágapes pré-inaugurais da Academia Brasileira de Letras, sua origem é lisonjeira.


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