sexta-feira, 20 de setembro de 2019

POESIA - Soneto da Maturidade (PX)


Soneto da
maturidade
Paulo Ximenes*

Eis o dia! Tudo se embaça!
Um fardo torpe que não evito
o que era ouro, já é fumaça
e eu, poeta, me interdito.

Cerro meus olhos ao que vivi
não renego as veredas que pisei
aceito as dores que sofri
não rasgo os versos que contei.


A fatídica constatação da verdade
esculpida nos anos que tracei
caiu-me sem dó, nem piedade.

Mas bendita a fava que amarguei
se ainda tenho força nessa idade
pra contar as vitórias que logrei.


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