sábado, 10 de junho de 2017

RESENHA - Nova Leitura e Adoção Internacional (VM)


NOVA LEITURA DE
ADOÇÃO INTERNACIONAL,
ESCRITO POR GINA VIDAL MARCÍLIO POMPEU *
Vianney Mesquita**


A vida não passa de grande e longa infância. (THOMAS FULLER – historiador e religioso inglês. Aldwich, 1608 – Covent Garden, 1668).



Pretextos circunstanciais de ofício concederam-me a ensancha de deparar o excepcional ensaio Adoção Internacional, de autoria da professora inserta no título, em tarefa de teor universitário stricto sensu, sustentada na “Salamanca do Ceará”, com o fito de obter a titulação de Magister Science em Direito Público pela Universidade Federal do Ceará – esta que já, de há muito, foi laureada com a reputação de Doutora em Direito.

Despretensioso de oferecer aos seus possíveis incontáveis leitores um estimulante do repasto principal – um escrito de mais de 200 páginas – procedo, em segunda leitura, somente, a uns poucos comentários de teor geral, no intento de concitar docentes, internacionalistas, investigadores, magistrados, componentes do Ministério Público, advogados, estudantes, assistentes sociais e equipes multiprofissionais a conhecerem as razões e o alçado poder de raciocínio e exame da Escritora, esposados no curso de toda esta produção.

Velha figura do Direito Civil, a adoção – perfilhação legal voluntária de um menor – experimentou, nos derradeiros tempos, franco desenvolvimento na maioria dos Estados, em decorrência da normal evolução do Direito Menorista, estimulada por várias causas, especialmente sociais e econômicas, cujas explicações não cabem nesses ligeiros escólios.

Instituto de entendimento cristalino por parte daqueles que, como a Professora Doutora Gina, procuram conhecer, em profundidade, temário de tanta relevância e que muitas consequências benéficas carreia à Família e ao Estado, a adoção, mormente no Brasil, serve de vexata questio entre o público, profissionais da Justiça, políticos e solicitantes, os quais, muita vez, emprestam à figura um caráter criminoso, como se o processo de perfilhamento não fosse regulado pela norma jurídica em toda a extensão e que trava, mediante o rico corpo dos dispostos, a maioria das saídas que possam levar à ilicitude.

A população cearense, exempli gratia, possui da adoção internacional falsas ideias, porquanto assentada em matérias falazes veiculadas pela imprensa infraqualificada do Brasil, a cujas fontes denunciantes de tráfico interessa o sensacionalismo que lhe concede prestígio pessoal e até voto – o que é mais deplorável!

A sociedade cearense necessita conhecer do fato de que tais denúncias nunca tiveram provas de graves crimes. São, pois, balões de ensaio, tentames logrados preparados em laboratórios espúrios para engabelar a boa-fé dos circunstantes.

Impende se conheça melhor o moderno entendimento da adoção, ideia de que se cuida, à saciedade, em seminários, colóquios, congressos e assemelhados, em todo o Mundo, e objeto de acordos, tratados e convenções em cimeiras internacionais, protegida pelas cartas maiores e legislações ordinárias da maioria das nações.

Tendo por motivo único e inarredável do casal a vontade de ser pai-mãe, na impossibilidade da paternidade biológica ou diverso motivo nobre, o instituto sob comento é muito bem dissecado pela Autora em toda a dimensão da doutrina, desde as tipologias de constituição familiar, passando pela evolução dessa figura jurídica nas legislações de países, indo, de foz em fora, distinguir os papéis de todos os agentes da adoção. Ela nos oferece, pois, este ensaio de alevantado alcance doutrinário, assentado, também, em vertentes librarias em francês, castelão, inglês e italiano.

Comentadas teses vêm, por conseguinte, suprir as lacunas na seara da literatura específica, devendo servir como norte não apenas aos estudos acadêmicos, senão, também, linear procedimentos daqueles que, sob o prisma adjetivo, cuidam dos misteres da adoção.


*Texto reformulado, publicado em MESQUITA, Vianney. Resgate de Ideias – Estudos e Expressões Estéticas. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 1996. 192 p.


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