A CHATICE NACIONAL
Reginaldo Vasconcelos*
Nunca
esqueci uma das declarações mais burlescas que Leonel Brizola fez à imprensa,
dentre tantas facécias que desferiu com maestria, durante a sua longa vida
política. Nesse caso, ele relacionou os três maiores chatos da República
Brasileira, naqueles idos do início dos anos 80: Lula, Juruna e Agnaldo
Timóteo.
Com
Lula Brizola tinha um notório antagonismo – o Sapo Barbudo, como ele o
apelidou. Luiz Inácio Lula da Silva,
naquele tempo assim como hoje, com o seu séquito de prosélitos mais chatos
ainda, incomodava mais a vida pública brasileira do que o fariam dez elefantes,
que, como se sabe, incomodam muita gente.
Com
o índio Mário Juruna e seu indefectível gravador cassete a passagem mais
crítica foi quando o cacique se trancou no apartamento em que o haviam
hospedado no Rio de Janeiro. De lá só sairia se falasse com Brizola. Ao levarem
Brizola, Juruna disse lá de dentro que agora só sairia se lhe comprassem uma
fazenda. De fato, vá ser chato assim no inferno!
Em
relação ao então deputado Agnaldo Timóteo ninguém poderia contestar Leonel
Brizola. Era chatice na veia, a mandar mensagens à velha mãe sempre que via um
microfone, e se duvidassem ele cantava à capela em seu louvor. Mas a melhor
passagem entre os dois foi quando Agnaldo ameaçou processar Brizola por tê-lo
chamado de “negro safado”.
Cobrado
pela imprensa, louvando-se de que o momento da discussão não fora gravado, Brizola
minimizou, com imenso cinismo na face e aguda ironia na voz: “Eu não o chamei
de negro safado, que isso seria uma inverdade. Eu disse que ele é sa-fa-do”. Ora,
a notória condição racial do cantor, de todo modo, ficava assim subentendida.
Brizola
e Juruna já morreram, restando vivos o longevo Timóteo e um Lula decadente,
mas, de toda sorte, no tocante à chatice, eles têm hoje competentes sucessores
– e é esse o tema de fundo deste artigo que alinhavo: os grandes chatos
brasileiros de hoje, são ainda mais chatos e são muitos mais que três.
O
chato número um da República é o senador Lindbergh Farias, um paraibano auto-desterrado
que se elegeu pelo Rio do Janeiro, o qual concentra a chatice característica
das duas regionalidades, e nenhuma das virtudes. É cínico, insistente,
sibilante, fanfarrão.
É
um agitador emérito desde o movimento estudantil, hoje um sabujo do
lulopestismo. Perdeu a sinceridade simpática e hospitaleira dos nordestinos,
com a sua entonação cantada – ôxente mainha, chegue cá bichim!. E não
adquiriu a urbanidade docemente falsa dos cariocas – pô, manhê, chega aí galiera!.
Lindbergh
lidera a chatice feminina de Vanessa Grizziotim e Gleisi Hoffmann, com Fátima
Bezerra correndo por fora, um verdadeiro “Exército de Brancaleone”
absolutamente sem-noção.
Muito
cotado no ranking da chatice nacional
está o nanico Randolfe Rodrigues – o “moleque”, segundo o também senador
Ataides Oliveira, ou o “Harry Potter”, para o impagável Magno Malta. Randolfe não
lidera ninguém e tampouco é liderado. É um parlapatão solitário, cuja
estridente voz de duende nunca é levada muito a sério.
Mas
o big brother Jean Wyllys é um páreo
duro entre os chatos do Congresso. Chateado pelo colega Bolsonaro, que é outro emérito
importuno, Wyllys foi ao desforço físico e reagiu com uma certeira cusparada – e
o cuspe é o canivete suíço desse pessoal muito afetado, a panaceia perfeita
para quem falece de moral.
Mas
a condição de chato é um predicado pessoal, que não tem ralação com a convicção
ideológica. Dilma Rousseff é obtusa, mas não é chata. José Dirceu também não é,
sem deixar de ser um odiento sicário. Por outro lado, também não chateia
ninguém o Aécio Neves, ainda que se tenha revelado um falso herói,
misturando-se à bandidagem mais rasteira.
Mas
a chatice está hoje difusa em toda a política brasileira. Ninguém aguenta mais
os noticiários, a cada dia uma nova futrica a respeito de tudo que já se sabe.
Mais do mesmo. Um Congresso formado por figuras ridículas, um Judiciário claudicante,
um presidente faceto, personagens reais muito mais risíveis do que o mais
engraçado dos comediantes que os tente parodiar.
O
mais trágico de tudo isso é que são todos eleitos para comandar esta Nação, que
agora está à deriva – de escândalo em escândalo, de impeachment em impeachment,
fora esse e aquele, sem que ninguém valha nada. Todos corruptos. Todos
bandidos. Dentre eles meia dúzia de idiotas que, ou não sabem onde estão, ou
sabem e se calam ante a inana bandalheira.
Só
há seriedade no povo que trabalha de sol a sol, empresários honestos e operários
esforçados, para sustentar um governo de canalhas, que se revezam no poder e se
tratam de “excelências”. Verbas, viagens, gabinetes, carros pretos, dezenas de
assessores, mil mordomias. E o banditismo grassando, e a criminalidade
crescendo, e os empregos minguando, e as pessoas morrendo nas filas do SUS.
Que
Deus se apiade de nossas almas!
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