A CHATICE NACIONAL
Reginaldo Vasconcelos*



Em
relação ao então deputado Agnaldo Timóteo ninguém poderia contestar Leonel
Brizola. Era chatice na veia, a mandar mensagens à velha mãe sempre que via um
microfone, e se duvidassem ele cantava à capela em seu louvor. Mas a melhor
passagem entre os dois foi quando Agnaldo ameaçou processar Brizola por tê-lo
chamado de “negro safado”.
Cobrado
pela imprensa, louvando-se de que o momento da discussão não fora gravado, Brizola
minimizou, com imenso cinismo na face e aguda ironia na voz: “Eu não o chamei
de negro safado, que isso seria uma inverdade. Eu disse que ele é sa-fa-do”. Ora,
a notória condição racial do cantor, de todo modo, ficava assim subentendida.

O
chato número um da República é o senador Lindbergh Farias, um paraibano auto-desterrado
que se elegeu pelo Rio do Janeiro, o qual concentra a chatice característica
das duas regionalidades, e nenhuma das virtudes. É cínico, insistente,
sibilante, fanfarrão.
É
um agitador emérito desde o movimento estudantil, hoje um sabujo do
lulopestismo. Perdeu a sinceridade simpática e hospitaleira dos nordestinos,
com a sua entonação cantada – ôxente mainha, chegue cá bichim!. E não
adquiriu a urbanidade docemente falsa dos cariocas – pô, manhê, chega aí galiera!.

Muito
cotado no ranking da chatice nacional
está o nanico Randolfe Rodrigues – o “moleque”, segundo o também senador
Ataides Oliveira, ou o “Harry Potter”, para o impagável Magno Malta. Randolfe não
lidera ninguém e tampouco é liderado. É um parlapatão solitário, cuja
estridente voz de duende nunca é levada muito a sério.
Mas
o big brother Jean Wyllys é um páreo
duro entre os chatos do Congresso. Chateado pelo colega Bolsonaro, que é outro emérito
importuno, Wyllys foi ao desforço físico e reagiu com uma certeira cusparada – e
o cuspe é o canivete suíço desse pessoal muito afetado, a panaceia perfeita
para quem falece de moral.
Mas
a condição de chato é um predicado pessoal, que não tem ralação com a convicção
ideológica. Dilma Rousseff é obtusa, mas não é chata. José Dirceu também não é,
sem deixar de ser um odiento sicário. Por outro lado, também não chateia
ninguém o Aécio Neves, ainda que se tenha revelado um falso herói,
misturando-se à bandidagem mais rasteira.
Mas
a chatice está hoje difusa em toda a política brasileira. Ninguém aguenta mais
os noticiários, a cada dia uma nova futrica a respeito de tudo que já se sabe.
Mais do mesmo. Um Congresso formado por figuras ridículas, um Judiciário claudicante,
um presidente faceto, personagens reais muito mais risíveis do que o mais
engraçado dos comediantes que os tente parodiar.

Só
há seriedade no povo que trabalha de sol a sol, empresários honestos e operários
esforçados, para sustentar um governo de canalhas, que se revezam no poder e se
tratam de “excelências”. Verbas, viagens, gabinetes, carros pretos, dezenas de
assessores, mil mordomias. E o banditismo grassando, e a criminalidade
crescendo, e os empregos minguando, e as pessoas morrendo nas filas do SUS.
Que
Deus se apiade de nossas almas!
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