terça-feira, 13 de junho de 2017

ARTIGO - TSE e Holocausto (AS)


TSE E HOLOCAUSTO
Arnaldo Santos*



Ante a crise política, ética e moral (imoral mesmo) que aflige a todos, agora chancelada pela decisão do TSE – ao absolver a ex-presidente Dilma Rousseff e o presidente Michel Temer da maior engenharia de corrupção eleitoral em uma campanha politica,  vivenciada nas últimas eleições convido o leitor a refletir sobre esses fatos em uma perspectiva histórica, retroagindo a um dos períodos mais doídos para a humanidade, e enxovalhante para a História.

Quando o regime nazista chocou o mundo, queimando seis milhões de Judeus nos fornos de Auschwitz, além de perpetrar um dos mais horrendos crimes contra um povo, destruiu parte substancial de uma civilização, que legou grande contribuição à humanidade nos vários campos dos saber, como Ciências, Literatura, Artes e outras áreas da atividade do ser inteligente.

A fim de evidenciar a importância do povo Judeu para a humanidade não é demais evocar o fato de que, no final do século XX, seus cientistas já colecionavam 128 prêmios Nobel, nas áreas da Física, Economia, Medicina, Literatura, Paz, entre outras.

Quase um século depois do holocausto, e após 85 anos de criação da Justiça Eleitoral no Brasil (1932), o TSE, em julgamento histórico na última semana, ao perdoar a chapa Dilma/Temer, além de destruir a esperança em um novo fazer politico, e em uma justiça reparadora, também nos deixou uma barbaria jurídica, política e ética, no entender de renomeados juristas brasileiros.

Conforme fizera o nazismo, que, em seus campos de concentração, mostrou a selvageria para mundo, o TSE, em sua decisão, legou igualmente à História vários campos concentrados da corrupção, materializados no “caixa 2”, no “caixa 3”, no “caixa-poupança”, e no “caixa-gordura”, na definição do Ministro Relator Herman Benjamim, em seu minudente voto prolatado em plenário, ignorado pela maioria dos seus pares, não obstante o “excesso de provas” exibido.

Substituindo os fornos de Auschwitz por métodos “civilizados”, ancorados em fundamentação política, em detrimento da melhor técnica jurídica, quatro ministros do TSE incineraram nos fornos hermenêuticos dos seus votos milhares de provas e acórdãos jurisprudenciais, frustrando as esperanças de milhões de cidadãos, que sonharam com uma decisão civilizatória da Justiça Eleitoral, para outra prática de campanha política no País.

Simbolicamente, aqui o povo judeu está representado pelos milhões de brasileiros, que um dia foram às ruas pedir a saída do presidente Temer, e depositaram toda confiança e esperança na justiça eleitoral, acreditando que o TSE, tornaria o sonho da cassação em realidade. Em Auschwitz os nazistas queimaram corpos vivos, por aqui os quatro Ministros que votaram pela absolvição da chapa Dilma-Temer, queimaram os bens mais valorados de uma sociedade; como ética, moral e confiança em sua Justiça.

Como ainda está muito recente, a temperatura emocional dos contra e dos a favor quase atingindo a ebulição, é impossível, racionalmente, avaliar os reflexos e o quanto de influência o resultado desse julgamento terá na manutenção ou alteração nesse modo corrupto de se financiar campanhas políticas. 

Essa mensuração só será possível quando da próxima eleição, ao conhecermos valores declarados, seus doadores e métodos empregados pelas campanhas, especialmente as que mais ostentarem recursos.


Por pretextos históricos, assim como fizera o General Dwight Eisenhower, comandante supremo dos Aliados na SGM  que, após encontrar os corpos das vítimas do holocausto, abriu os campos de concentração e autorizou que se documentasse por todas as maneiras aquela atrocidade, para que nunca fosse esquecida pela História, ouso sugerir aos cidadãos que arquivemos todos os documentos e publicações sobre esse aviltante resultado do julgamento do TSE, para que nunca nos esqueçamos dessa patuscada comemorativa à corrupção perpetrada por esses quatro ministros.


Nenhum comentário:

Postar um comentário