TSE E HOLOCAUSTO
Arnaldo Santos*
Ante a crise
política, ética e moral (imoral mesmo) que aflige a todos, agora
chancelada pela decisão do TSE – ao absolver a
ex-presidente Dilma Rousseff e o presidente Michel Temer da
maior engenharia de corrupção eleitoral em uma campanha
politica, vivenciada nas últimas eleições –convido o leitor
a refletir sobre esses fatos em uma perspectiva histórica, retroagindo a um dos
períodos mais doídos para a humanidade, e enxovalhante
para a História.
Quando o regime nazista
chocou o mundo, queimando seis milhões de Judeus nos fornos de
Auschwitz, além de perpetrar um dos mais horrendos crimes contra um povo,
destruiu parte substancial de uma civilização, que legou grande contribuição à
humanidade nos vários campos dos saber, como Ciências, Literatura, Artes e
outras áreas da atividade do ser inteligente.
A fim
de evidenciar a importância do povo Judeu para a humanidade não
é demais evocar o fato de que, no final do século XX, seus
cientistas já colecionavam 128 prêmios Nobel, nas áreas da Física, Economia,
Medicina, Literatura, Paz, entre outras.
Quase um século depois
do holocausto, e após 85 anos de criação da Justiça Eleitoral no
Brasil (1932), o TSE, em julgamento histórico na última semana, ao perdoar
a chapa Dilma/Temer, além de destruir a esperança em um novo fazer politico,
e em uma justiça reparadora, também nos deixou uma barbaria jurídica, política
e ética, no entender de renomeados juristas brasileiros.
Conforme fizera o
nazismo, que, em seus campos de concentração, mostrou a
selvageria para mundo, o TSE, em sua decisão, legou igualmente
à História vários campos concentrados da corrupção,
materializados no “caixa 2”, no “caixa 3”, no “caixa-poupança”, e no “caixa-gordura”,
na definição do Ministro Relator Herman Benjamim, em seu minudente
voto prolatado em plenário, ignorado pela maioria dos seus pares, não obstante
o “excesso de provas” exibido.
Substituindo os fornos
de Auschwitz por métodos “civilizados”, ancorados em fundamentação
política, em detrimento da melhor técnica jurídica, quatro ministros do TSE
incineraram nos fornos hermenêuticos dos seus votos milhares de provas e
acórdãos jurisprudenciais, frustrando as esperanças de milhões de cidadãos, que
sonharam com uma decisão civilizatória da Justiça Eleitoral, para outra
prática de campanha política no País.
Simbolicamente, aqui o
povo judeu está representado pelos milhões de brasileiros, que um dia foram às
ruas pedir a saída do presidente Temer, e depositaram toda confiança e
esperança na justiça eleitoral, acreditando que o TSE, tornaria o sonho da
cassação em realidade. Em Auschwitz os nazistas queimaram corpos vivos, por
aqui os quatro Ministros que votaram pela absolvição da chapa Dilma-Temer, queimaram
os bens mais valorados de uma sociedade; como ética, moral e confiança em sua Justiça.
Como ainda está muito
recente, a temperatura emocional dos contra e dos a favor quase atingindo
a ebulição, é impossível, racionalmente, avaliar os
reflexos e o quanto de influência o resultado desse julgamento
terá na manutenção ou alteração nesse modo corrupto de se financiar
campanhas políticas.
Essa mensuração só
será possível quando da próxima eleição, ao conhecermos valores
declarados, seus doadores e métodos empregados pelas campanhas,
especialmente as que mais ostentarem recursos.
Por pretextos
históricos, assim como fizera o General Dwight Eisenhower, comandante supremo
dos Aliados na SGM – que, após encontrar os corpos das vítimas
do holocausto, abriu os campos de concentração e autorizou que
se documentasse por todas as maneiras aquela atrocidade, para que nunca
fosse esquecida pela História, ouso sugerir aos cidadãos que arquivemos todos
os documentos e publicações sobre esse aviltante resultado do
julgamento do TSE, para que nunca nos esqueçamos dessa
patuscada comemorativa à corrupção perpetrada por esses quatro
ministros.
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