sábado, 3 de junho de 2017

ARTIGO - Renascerá em Outros Corações (AMC)


RENASCERÁ EM 
OUTROS CORAÇÕES*
Antonio Mourão Cavalcante **


Durante muitos meses o meu discurso era um só: Lula, Dilma e o PT não são os únicos responsáveis pelo desastre do Brasil. Há mais gente nisso. Aqueles mesmos que acusam não têm telhado sólido. Há que investigar a todos. Sem distinção. Mas, durante meses a “República de Curitiba” só aceitou denúncias contra esse triângulo mágico. Uma vez esses personagens afastados da política, o Brasil seria um mar de rosas...




Nesse contexto aconteceu a queda de Dilma e as repetidas capas da VEJA: Lula vai ser preso. Lula é bandido, etc. Quando foi possível avançar por outros caminhos, o Brasil está escancarado. É Aécio, Temer, Cunha, Serra. Uma lista imensa.

Acredito que vamos avançar para águas mais profundas. E, assim como tivemos autoridade para exigir a fatura total, precisamos agora ajustar as contas. O grande dilema do Brasil é saber para quem desejamos construir a Nação. Se existem chances para os mais pobres. Se vamos alimentar veredas de igualdade ou simplesmente aprofundar a exploração do Capital sobre o Trabalho.  Se vamos aceitar, passivamente, essa podre convivência de homens públicos com empresários canalhas.

É muito curioso que as elites digam que o Temer pode até cair. Provavelmente ele não é mais útil, como ocorreu com Eduardo Cunha e outros. São automaticamente cuspidos do navio. Entretanto, as reformas precisam ser implantadas para o bem do País! Que mentira, meu Deus! Que embuste! Quanta falácia! Se eles próprios são os principais devedores. Tem que ser goela abaixo. Pouco importa o clamor público.

A reação popular deve ser entendida sobre duas vertentes. Primeira, não é um protesto apenas contra a corrupção, mas igualmente contra estas reformas que sufocam as mínimas conquistas dos trabalhadores, ao longo de décadas. Num passe de mágica os empresários, curtos de compreensão, querem sufocar as massas que consomem o que fabricam. Segunda, não menos importante: as lutas populares, inclusive contra as reformas, não são apanágio do PT, da CUT ou do MST. Devem ser entendidas como um clamor da sociedade brasileira.




Durante muitos anos o Partido dos Trabalhadores procurou conduzir estas bandeiras sociais. Hoje, não possui o mesmo crédito. Recordo o querido Dom Hélder Câmara: “Não é porque bandeiras certas andaram por mãos erradas que devemos abandoná-las.” A luta continua. E, como na canção Luzes da Ribaltade Charles Chaplin:  “Se o ideal que sempre nos acalentou, renascerá em outros corações”.

* Opinião - Jornal O POVO (Fortaleza.CE) 03.06.17



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