terça-feira, 13 de junho de 2017

CRÔNICA - A Esperança É a Última que Morre (WI)


A esperança é 
a última que morre
Wilson Ibiapina*


Uma mulher maravilhosa, dessas de fechar farmácia de plantão, atravessa meu caminho. Deslumbrado, lembrei  na hora  do ator Manoelito Soares Moraes, mais conhecido como Milton Moraes. 

Cearense de Fortaleza ele morreu no Rio, em 1993. Fez sucesso trabalhando em filmes e novelas na Globo. Gostava de tomar uma cervejinha, aos sábados, nos bares de Ipanema.

Ali ele tinha à sua frente uma verdadeira passarela, por onde desfilavam lindas mulheres, em roupas de banho, rumo à praia. Num sábado qualquer do século passado ele viu um gari da Comlurb varrendo ali próximo.

Toda menina bonita que passava ouvia do gari uma piadinha, um “aí gostosa, vai pro mar?”. Milton Moraes não aguentou: chamou o gari, um cidadão de um metro e oitenta, sem dentes na frente, feio que só batida de trem. Ofereceu um chope, ele recusou, disse que estava trabalhando. Depois de alguns minutos de conversa, Milton Moraes perguntou se ele tinha esperança de que alguma daquelas meninas lhe desse bola. A resposta do gari foi surpreendente. 

 – Ué, doutor. Vai ver aparece aí uma tarada...


Nenhum comentário:

Postar um comentário