A RISÍVEL TESE CONSPIRATÓRIA
Humberto
Ellery*
Durante minha caminhada matinal na Avenida
Beira Mar, encontrei um amigo que havia muito não via. Professor da antiga Escola
Técnica, hoje chamada Instituto Federal de Ensino Superior, petista até a
medula, abriu um largo sorriso e, referindo-se ao Aécio, perguntou de chofre se
eu estava convencido agora de que todo político é ladrão, e que todos os partidos
são iguais ao PT.
Respondi que não concordo com nenhuma das duas
afirmações. Em primeiro lugar, reafirmei o meu antigo posicionamento quanto à
fé que mantenho na classe política, a meu ver injustamente enlameada, citando
inclusive vários políticos do próprio PT que julgo honestos e dotados de
espírito público. Em seguida mostrei a ele que ainda não vi nenhum eleitor do
Aécio gritando, apoplético: “Aécio -
guerreiro do povo brasileiro!”.
Mesmo não sendo eu tucano (não acredito no
socialismo fabiano, aliás, nem no socialismo utópico de Proudhom, nem no socialismo “científico” do Marx) eu votei no Aécio porque vi nele um grande
administrador, como o foi no Governo de Minas Gerais, e era a opção contra a
Dilma e o PT.
Outra diferença fundamental que observei foi
que, tão logo surgiram as denuncias contra o Aécio, antes que ele tivesse a
chance de exercer sua defesa, se explicar, expor seu contraditório,
usufruir da sua “presunção de inocência”, fundamental num Estado Democrático
de Direito, foi sumariamente afastado da presidência do PSDB.
Enquanto isso o PT, numa inversão completa de valores, colocou na sua presidência
uma ré, esposa de um réu, a “bonitinha, mas ordinária”. Aliás, o PT me lembra
um dos melhores filmes que assisti na minha vida, com o magistral Marlon
Brando, “Sindicato de Ladrões”.
Para completar a estupidez, meu amigo, portador, em elevado grau, da chamada “cegueira ideológica”, afirmou que o Brasil entrou
em recessão por culpa, não da Dilma, mas dos empresários que forçaram e
forjaram esse clima, apenas para derrubar da presidência uma mulher honrada,
eleita legitimamente com 54 milhões de votos.
Aí fui obrigado a concordar com ele (rs rs rs) (Luiz Fernando Veríssimo defende também essa tese irretorquível). Cerca de 260.000
empresários se combinaram assim: “Pessoal,
vamos quebrar nossas empresas, colocar na rua da amargura do desemprego 14 milhões
de pais-de-família, para derrubar a Dilma”.
Fiquei constrangido de perguntar se eram essas
as lições que o meu amigo dava aos seus alunos... mas já imagino.
Pobre educação brasileira! Pobre Brasil!
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