ACADEMIA DE LETRAS
PROMOVE
CONFRATERNIZAÇÃO
A
nossa vetusta e veneranda Academia Cearense de Letras, comemorando os seus 120 anos sob a presidência do
operoso José Augusto Bezerra, realizou na tarde de ontem a sua confraternização
de fim de ano, oportunidade em que inaugurou um dos dois novos auditórios que
acaba de construir em sua sede, o Palácio da Luz, no Centro Histórico da
Capital.
Foram
convidados e prestigiaram a festa, que culminou com um coquetel, representantes
de várias outras instituições literárias do Estado, como, dentre outras, a Academia Fortalezense de
Letras, a da Língua Portuguesa, a de Retórica, a dos Médicos Escritores e a nossa ACLJ.
A
solenidade foi marcada pela leitura de uma longa e muito inspirada crônica da
lavra da acadêmica Ângela Gutierres, tratando sobre o natal, com direito à
audiência da Oração de São Francisco musicada e gravada pelo Fagner, e do hino
Imagine, do beatle John Lennon, por ele mesmo executado na sua gravação
original.
LIVRO RESGATA
A PADARIA
ESPIRITUAL
Mas, o ponto alto da cerimônia foi o lançamento do livro “Atas da Padaria Espiritual”,
em luxuosa edição de capa dura, assinada pelo acadêmico Sânzio de Azevedo,
realizada sob os auspícios da ACL, que teve exemplares distribuídos a todos os
presentes, juntamente com a revista anual da ACL.
Sânzio,
o autor da obra, que na década de 70 publicara uma brochura a respeito da pioneira
agremiação literária cearense, mourejou
em vão por muitos anos em busca de suas atas, inclusive nos guardados da
família de Leonardo Mota (1891-1948), o primeiro pesquisador do tema.
Compulsou ainda a biblioteca do “Padeiro” Antônio Sales (1868-1940), na casa do escritor Pedro Nava (1903-1984), no Rio de Janeiro. Nava era parente de Sales e herdara os seus alfarrábios.
Compulsou ainda a biblioteca do “Padeiro” Antônio Sales (1868-1940), na casa do escritor Pedro Nava (1903-1984), no Rio de Janeiro. Nava era parente de Sales e herdara os seus alfarrábios.
Até
que recentemente o atual presidente da ACL, José Augusto Bezerra, comunicou a
Sânzio terem sido encontrados manuscritos no acervo do Instituto do Ceará,
dentre as relíquias documentais legadas pelo Barão de Studart, que poderiam ser as atas que ele por quase
meio século procurava.
Eram
de fato os anais da Padaria Espiritual, que Sânzio comparou ao hipotético
achado arqueológico da máscara mortuária de Ramsés II, que fosse comunicado a
um egiptólogo. Coube-lhe então, com o auxílio luxuoso de Regina Pamplona Fiúza,
Secretária Geral da ACL, fazer a transcrição dos textos e a sua atualização
ortográfica, para compor a publicação.
A Padaria Espiritual foi um grêmio literário fundado por jovens fortalezenses, frequentadores dos quiosques da Praça do Ferreira, do final do Século XIX. Existiu por apenas seis anos, de 1882 a 1898, mas antecedeu à fundação da Academia Cearense de Letras, a mais antiga do Brasil.
Sânzio
de Azevedo, professor, poeta, ficcionista,
crítico literário e ensaísta, membro da ACL, é filho de Otacílio de Azevedo,
intelectual cearense que foi titular da Cadeira de nº 26 daquela mesma agremiação
literária a que pertence, e é irmão do também pesquisador, musicógrafo e
museólogo Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, fundador da Cadeira de mesmo
número na nossa ACLJ, cujo ilustre pai de ambos é o Patrono.
A Padaria Espiritual foi marcada pela rebeldia e a irreverência juvenil, para os costumes da época, já antecipando o mito do “Ceará Moleque”, evidenciado depois pelo satírico advogado e deputado Quintinho Cunha (1875-1943), considerado o pai do humorismo cearense. Os integrantes da Padaria Espiritual se tornariam grandes expoentes do nosso universo cultural, muitos deles emprestando hoje seus nomes a logradouros públicos da Cidade.
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