O CEARÁ AQUÁTICO (I)
Cássio Borges*
Decorridos
são mais de cinco anos desde quando o ilustre Secretário de Recursos Hídricos
do Estado do Ceará, Hypérides Macedo, anunciou, pela primeira vez, um
financiamento do Banco Mundial (BIRD)
para o seu denominado “Projeto de Interligação de Bacias”. Disse o
Secretário à “Tribuna do Ceará”, em 29.02.96, ao regressar de
Washington: “O Programa teve carta-consulta aprovada pela Cofiex ainda no
ano passado e a negociação dos recursos para sua implementação é considerada
vital para o Estado”.
Neste
jornal, no dia 4 de outubro último, em matéria sob o título “Canal de 200
quilômetros vai integrar Castanhão a 25 rios”, o referido técnico anunciou que “os recursos para construção já estão
garantidos pelo Banco Mundial”.
Inspirado,
o Secretário diz no seu livro “A Chuva e o Chão na Terra do Sol”, lançado em
1996: “A Interligação dos Recursos Hídricos no território cearense é um projeto
estratégico e inovador... Ampliando este conceito fundamental, o novo projeto
busca transformar o Ceará numa grande bacia, germinando vales, revertendo
cursos d’água, transpondo divisores, misturando rios e reabastecendo açudes em
plena seca. Uma nova geografia hidrográfica será desenhada na superfície do
Estado”.
No
Pacto de Cooperação, no dia 3 de outubro último, o engenheiro Hypérides Macedo
forneceu mais dados técnicos sobre “Os primeiros eixos de Integração da Bacia
do Castanhão”, sendo que para o “Eixo do Castanhão-Fortaleza” estão assegurados
recursos do Banco Mundial (BIRD), no valor de US$ 250 milhões, além de mais US$
60 milhões de contrapartida do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES).
“O
Estado vai bancar apenas 21% dos investimentos totais para a construção dos
Eixos ou Canais de Integração do
Castanhão”, informou.
Entusiasmado,
acrescentou: “Os primeiros Eixos vão interligar o Castanhão, a Ibiapaba, Orós,
Banabuiú, o Canal do Trabalhador e o Sistema Metropolitano de Fortaleza”.
Segundo
o Secretário, com a integração das bacias hidrográficas, “...o Ceará pode
até não ser transformado num Tigre
Asiático mas, certamente, será uma Onça Tropical”. E afirma: “Os Canais de
Integração proporcionarão a criação de
Avenidas Rurais, a infra-estrutura para uma moderna reforma agrária, um Banco
de Solos, etc. etc.”. Na matéria do jornal “O POVO”, o Secretário ainda fala no projeto “Guarda Azul”, “que contará com
profissionais treinados para fiscalizar os recursos hídricos”.
Pelo
visto, o Ceará vai se transformar num verdadeiro parque aquático e tudo será
possível graças à barragem do Castanhão, de onde deverão provir os 25,00 m3/s que serão
transportados pelo “Canal Castanhão-Fortaleza” que, também, levará água até a
Serra da Ibiapaba (?), cruzando o Ceará de leste a oeste.
Sem
nenhum comentário. Voltaremos ao assunto
em outro artigo.
NOTA:
Artigo
datado do ano de 1997, anterior à publicação do livro, de Cássio Borges, “A FACE OCULTA
DA BARRAGEM DO CASTANHÃO – Em Defesa da Engenharia Nacional”, de 1999.
Na sequência, da mesma época e do mesmo autor,
postaremos outro artigo, intitulado CEARÁ AQUÁTICO (II) que complementa este.
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