domingo, 27 de dezembro de 2015

ARTIGO - O Ceará Aquático I (CB)

O CEARÁ AQUÁTICO  (I)
Cássio Borges*


Decorridos são mais de cinco anos desde quando o ilustre Secretário de Recursos Hídricos do Estado do Ceará, Hypérides Macedo, anunciou, pela primeira vez, um financiamento do Banco  Mundial (BIRD) para o seu denominado Projeto de Interligação de Bacias. Disse o Secretário à Tribuna do Ceará, em 29.02.96, ao regressar de Washington: O Programa teve carta-consulta aprovada pela Cofiex ainda no ano passado e a negociação dos recursos para sua implementação é considerada vital para o Estado.

Neste jornal, no dia 4 de outubro último, em matéria sob o título “Canal de 200 quilômetros vai integrar Castanhão a 25 rios”, o referido técnico anunciou  que “os recursos para construção já estão garantidos pelo Banco Mundial”.

Inspirado, o Secretário diz no seu livro “A Chuva e o Chão na Terra do Sol”, lançado em 1996: “A Interligação dos Recursos Hídricos no território cearense é um projeto estratégico e inovador... Ampliando este conceito fundamental, o novo projeto busca transformar o Ceará numa grande bacia, germinando vales, revertendo cursos d’água, transpondo divisores, misturando rios e reabastecendo açudes em plena seca. Uma nova geografia hidrográfica será desenhada na superfície do Estado”.

No Pacto de Cooperação, no dia 3 de outubro último, o engenheiro  Hypérides Macedo forneceu mais dados técnicos sobre “Os primeiros eixos de Integração da Bacia do Castanhão”, sendo que para o “Eixo do Castanhão-Fortaleza” estão assegurados recursos do Banco Mundial (BIRD), no valor de US$ 250 milhões, além de mais US$ 60 milhões de contrapartida do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“O Estado vai bancar apenas 21% dos investimentos totais para a construção dos Eixos ou Canais de Integração  do Castanhão”, informou.

Entusiasmado, acrescentou: “Os primeiros Eixos vão interligar o Castanhão, a Ibiapaba, Orós, Banabuiú, o Canal do Trabalhador e o Sistema Metropolitano de Fortaleza”.

Segundo o Secretário, com a integração das bacias hidrográficas, “...o Ceará pode até  não ser transformado num Tigre Asiático mas, certamente, será uma Onça Tropical”. E afirma: “Os Canais de Integração  proporcionarão a criação de Avenidas Rurais, a infra-estrutura para uma moderna reforma agrária, um Banco de Solos, etc. etc.”. Na matéria do jornal “O POVO”, o Secretário ainda fala  no projeto “Guarda Azul”, “que contará com profissionais treinados para fiscalizar os recursos hídricos”.

Pelo visto, o Ceará vai se transformar num verdadeiro parque aquático e tudo será possível graças à barragem do Castanhão, de onde  deverão provir os 25,00 m3/s que serão transportados pelo “Canal Castanhão-Fortaleza” que, também, levará água até a Serra da Ibiapaba (?), cruzando o Ceará de leste a oeste.


Sem nenhum comentário. Voltaremos ao assunto  em outro artigo.


NOTA:

Artigo datado do ano de 1997, anterior à publicação do livro, de Cássio Borges, A FACE OCULTA DA BARRAGEM DO CASTANHÃO  Em Defesa da Engenharia Nacional, de 1999. 

Na sequência, da mesma época e do mesmo autor, postaremos outro artigo, intitulado CEARÁ AQUÁTICO (II) que complementa este. 

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