quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

ARTIGO - Venturoso Reencontro (VM)

VENTUROSO REENCONTRO
Com o Comendador Lucas Barbosa
Vianney Mesquita*

Feliz é o homem que persevera na sabedoria e que se dá ao exercício da Justiça. (Eclo., 14, 22).


Em 28 de dezembro do expirante 2015, ensaiei o lanço de, mais uma vez e em ditosa oportunidade, topar a figura emblemática da positividade, revelada nas copiosas superqualidades imanentes à pessoa do Prof. Dr. João Lucas Marques Barbosa, da Universidade Federal do Ceará (de onde, também, é Professor Emérito), Academia Brasileira de Ciências e outras associações de relevo no universo da inteligência pátria e mundial, nomeadamente da seara das Ciências Exatas, particularizando as Matemáticas.

À demanda do Prof. José Edmar Ribeiro da Silva – com quem conservo vetusta amizade e opero maquinações literárias (lícitas, evidentemente) – eis que encontrei, no Gabinete do Reitor da U.F.C., a singular figura, móvel destas notas, personalidade transmissora de assunta pedagogia de vida.

Seus ensinamentos, tanto formais quanto por via de atitudes inerentes a sua maneira de se conduzir, constituem vertente cristalina para acrisolar os modos de ser de uma pessoa exemplar, no âmbito das exigentes classificações do Homo sociologicus, no qual pontifica como primus inter pares, na ala de vultos universalmente conhecidos e admirados, mercê do destaque granjeado, ao trilhar esplêndido percurso acadêmico e percorrer trajeto pessoal inexcedível.

Trabalhei com este matemático, portador de todos os títulos acadêmicos, granjeados, Maxima cum Laude, em universidades do Brasil e dos Estados Unidos, docente de insuperável essência e administrador prudente, bem como decisor apurado como uma equação bem conduzida.

Tal sucedeu no tempo em que ele administrou, como primeiro Presidente, a então denominada Fundação Cearense de Amparo à Pesquisa – FUNCAP, na aurora de sua atuação, à qual ele infligiu a circunspecção reclamada por uma instituição daquele gênero e cujas marcas, até hoje, estão indelevelmente assinaladas no argumento da sua existência.

Em certa ocasião (1995), alcancei a dita de haver sido indicado para saudá-lo, em solenidade doméstica ocorrida na Repartição onde militávamos, aqui em Fortaleza, quando discorri acerca de si e de sua obra física e cultural.

Naquele ensejo, professores-diretores, funcionários, componentes de Comissões Científicas de alto nível, que examinam projetos de pesquisa para financiamento pela atual Fundação Cearense de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FUNCAP – bem assim demais stakeholders desse instituto coestaduano de amparo às buscas da Ciência – estavam reunidos, por uma razão bem significativa, quando eu disse dos motivos para que nos rejubilássemos, todos os amigos e condiscípulos do Prof. Dr. Lucas Barbosa. A homenagem dizia respeito à outorga, a si, da Comenda Nacional do Mérito Científico, por indicação da comunidade científica brasileira, entregue em 13 de junho de 1995, pelo então Presidente, Prof. Dr. Fernando Henrique Cardoso.

O excerto do Eclesiástico reproduzido à epígrafe pode servir como símile ao trajeto vitorioso do Homenageado no curso de toda a sua vida acadêmica e profissional que, então, culminou com o recebimento da mais valiosa simbologia do reconhecimento de uma sociedade pelo trabalho de quem desenvolve e cultua ciência no Brasil.

perseverança, divisada na dita passagem da Escritura Sagrada, está vertida na obra acadêmico-profissional do Comendador, traduzida na produção diuturna e na constante edição de obras que cuidam, com vigorosa análise, de assuntos da Matemática, dos seus sub-ramos e disciplinas afins.

São dezenas de livros e artigos, além de conferências, palestras, mesas redondas e um sem-número de participações em eventos do gênero, constitutivos de parte de seu produto feito cientista, professor e dirigente, a justificarem a honraria concedida. É o que conduz os amigos a se encherem de honra, aplaudindo a providência dos pares do Prof. Dr. Lucas, pelo fato de ser ele dignitário de tão cobiçada distinção honorífica.

A prática da Justiça – objeto da segunda parte do versículo 22 do Eclo. –  nosso Agraciado exercita desde que usa a razão. Não se tem registo de que, no correr de toda a sua existência, haja ele se afastado da normal – usando termo da Geometria – para desobedecer ao espírito de Justiça, o qual sempre orientou sua excepcional personalidade.

Perseverança na Sabedoria e prática da Justiça são um continuum na vida do Prof. Dr. João Lucas, cujas ideias, nas mais das vezes, medraram e frutificam cem por uma. Por que ocorre assim? – Evidentemente porque constituem ideações de sábio, ideário de qualidade, retirado, em diversas ocasiões, do senso popular, da opinião comum. Sabe-se, por elementar, que a Ciência tem caráter provisório e relativas ocorrem de ser suas verdades. Ideais boas, todavia, hipóteses resistentes a provas, como costumam ser as do Prof. Dr. João Lucas Marques Barbosa, são acatadas pela Ciência, que descarta pensamentos ao menos regulares.

A esse respeito, o célebre escritor espanhol Miguel de Unamuno y Jugo (Bilbao, 29.09.1864 – Salamanca, 31.12.1936) disse, em pensamento não menos notório, que a Ciência é o cemitério das más ideias. Daí por que este acervo de ideologias externado na múltipla produção do Prof. Lucas Barbosa, vazados na Sabedoria e na Justiça, a que o Eclesiástico se refere, deu ensejo àquele já bem passado instante de abraçá-lo, manifestando apreço, benquerença e admiração por tão ditosa pessoa.

Na inteligência são-paulina, em Coríntios, está registada a noção de que [...] todos adentram o estádio para correr, entretanto, somente um recebe o prêmio. Desta sorte, cuidai de correr de tal maneira para que somente vós alcanceis o galardão.

Eis, pois, que muitos adentraram a pista, mas, nessa maratona de gigantes entre nós, o Prof. Dr. Lucas assegurou o lugar, chegou primeiro para novo grid.

Seja ele, pois, recebedor perene do sincero e afetuoso abraço de todos quantos o admiram. Continue, durante o ano de 2016 que se vai iniciar e por todo o sempre, na perseverança da Sabedoria e no exercício da Justiça. Multiplique suas obras, para que figure sempre na mesma fila de Euclides de Alexandria, János Bolyai, Jorge Riemann, Bartolomeu Pitiscus, Gervásio Colares, João Carlos F.Gauss, João Jerônimo Saccheri e demais expoentes da Matemática, bem como sempre fiel ao poeta Antônio Frederico de Castro Alves, para quem é [...] bendito o que semeia livros, livros a mancheia ... e manda o povo pensar [...]


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