DE BOCA ABERTA
Reginaldo Vasconcelos*
Enquanto inicia um tratamento de canal o dentista Marcos Maia Gurgel, a propósito de termos provavelmente de voltar
ao voto em papel nas eleições, nos conta sobre o velho eleitor sertanejo que, após marcar o candidato
na chapa de votação, em vez de sufragá-la, por nervosismo, colocou-a no bolso
da camisa, e foi saindo.
Um mesário da sessão eleitoral percebeu,
chamou-o e lhe recomendou inserir a “chapa” na urna. O velho retirou então a
dentadura e esbravejou: “Eu bem sabia que essa bondade era só até as eleição!”.
Contou ainda, na sequência, o Dr. Marcos,
do sujeito que tanto insistiu e incomodou o padre da paróquia, que lhe doasse o
curió que possuía, o único da cidade, que o velho pároco não resistiu às suas
instâncias e finalmente, para se ver livre dele, depois de meses de insistência,
lhe cedeu o estimado passarinho.
Tempos depois uma moça revelou ao padre
confessor que seu noivo estava insistindo muito para anteciparem as intimidades
sexuais antes da celebração do casamento, marcado para meses à frente, mas que
ela vinha resistindo, para não pecar contra a castidade.
O padre então respondeu à sua confidente: “Por acaso seu noivo tem um curió? Então, minha filha, dê
logo o que ele quer, porque você não vai resistir à chateação por tanto tempo”.
Lá pelo terceiro procedimento odontológico
ele lembra a história da menininha levada ao consultório para a extração de um
dente de leite, que já amolecera e não caíra, e a mãe não tinha coragem de
puxar. Depois a mãe contou que, ao chegar a casa, a pequenina contou ao pai: “O dentista é velhinho... mas tem uma
força!!!”.
E emendou com o caso do velho matuto que o
procurou com aguda dor de dente, no final de uma tarde de sexta-feira, no posto
de saúde municipal da cidade em que ele servia na época, a 200 quilômetros
desta Capital em que reside. A atendente protestou, que era final de expediente
e que ela não ia auxiliar aquele atendimento.
Dr. Marcos então argumentou que seria uma
maldade deixar aquele pobre homem transido de dor por todo o final de semana,
com infecção do dentiqueiro careado, e a convenceu a permanecer no atendimento.
E a luta durou até às sete da noite, depois de muito solavanco para extração
daquele siso de velhas raízes contorcidas.
Na saída, o velho encontrou na porta do
posto de saúde o motorista que esperava o dentista para conduzi-lo a Fortaleza,
e cuidou de justificar a demora: “O Dr, é
muito bom. O dente é que era bonequeiro”.
Aliás, os velhos sertanejos que o dentista
conheceu são personagens recorrentes de suas histórias mais jocosas. Um deles,
em um distrito remoto, teve um choque
anafilático ao receber a anestesia, entrou a debater-se tanto que caiu da
cadeira, rasgou a camisa, espalhou utensílios e material odontológico por todo
o consultório.
Uma velha local, que estava improvisada de
atendente, ao ver o paciente arquejando no chão, olhou para o Marcos e
sentenciou: “Doutor, aí só outro!”. Felizmente o homem tornou, para revelar tranquilamente
que aquela era a terceira vez que ele fazia “desmantêlo” em consultório de
dentista.
NOTA
DO EDITOR:
Marcos
Maia Gurgel é dentista e advogado, natural de Limoeiro do Norte, nobre cidade cearense
da região jaguaribana. Membro Honorário da ACLJ, Marcos é poeta e cronista de finíssima
inspiração.
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