FORTALEZA,
CIDADE INGRATA
Dorian Sampaio
Filho
Minha Fortaleza, embora seja conhecida como a capital
da hospitalidade, tem também sua porção de cidade ingrata.
Uma recente discussão ocorrida em sua Câmara
Municipal deixou isso muito claro. Um vereador apresentou um projeto para
denominar uma simples escola com o nome de Juraci Vieira de Magalhães,
ex-prefeito, morto em janeiro de 2009, e foi voto vencido. Para mim, a gota
d’água deste mar de ingratidão...
Não entendo o porquê dessa cidade, através de seus
representantes, digníssimos vereadores, ainda não terem se manifestado com uma
homenagem de proporção merecida ao seu grande, senão o maior, prefeito, o Dr.
Juraci.
Sua administração mudou o perfil de Fortaleza. De
cidade acanhada, passou a ser vista como uma verdadeira metrópole. Juraci abriu
novas artérias, alargou avenidas, construiu viadutos, modernizou o sistema de
transporte urbano com a criação de terminais, revitalizou o centro com a nova
Praça do Ferreira, inaugurou quadras de esporte nos quatro cantos da cidade,
criou as Secretarias Executivas, aproximando a administração da comunidade.
E, por fim, inaugurou o polêmico aterro da praia de Iracema. Obra bastante
criticada à época pelos ambientalistas de plantão, mas que hoje representa o local
em que são realizados os mais importantes eventos populares da cidade. Bem que
o aterro poderia ser batizado oficialmente com seu nome...
Enfim, Juraci mudou a nossa cidade. Tanto é
verdade que, consciente do trabalho realizado ainda no seu primeiro período
como prefeito, foi à luta em busca da reeleição com uma aprovação quase que
unânime e dando-se ao luxo de se expor perante a população com um slogan
arrojado e desafiador: “Se quer conhecer uma obra de Juraci, então abra a sua
janela”.
Lembramos ainda que, mesmo com a explosão de obras
ocorrida em decorrência da copa do mundo de 2014, em que muitas personalidades
foram homenageadas para nominar os novos espaços públicos criados, como túneis
e viadutos, Juraci, que deveria ser homenageado em cada esquina, continuou no
total esquecimento.
Nomes como os de Barros Pinho, Celina Queiroz,
Demócrito Duma, Jackson Pereira, Edson Queiroz Filho e Antônio Martins Filho,
entre outros, que foram lembrados na ocasião, são realmente merecedores de
nossas homenagens pelo que fizeram para ilustrar a história recente de
Fortaleza. Mas porque deixar de fora o nome do Dr. Juraci?
Questiúnculas políticas ou politiqueiras à parte,
precisamos urgentemente reparar essa falha. Com a palavra, o poder Legislativo
Municipal.
NOTA DO EDITOR:
Uma sociedade que tem futuro é aquela
que mantém a memória do passado. É de fato lamentável essa conduta tacanha da
edilidade desta Capital, principalmente aos olhos de entidades como a nossa
ACLJ, que primam pelo registro histórico da vida cearense, seja nas suas letras
e artes, seja no resgate de suas grandes personalidades do passado.
Nesse ponto merece louvores ao presidente da OAB-Ce, o Dr. Valdetário Monteiro, que resolveu dar à praça construída
defronte à nova sede da instituição, no Bairro Edson Queiroz, o nome de Jader
Moreira de Carvalho, o grande advogado, jornalista, poeta e político cearense,
falecido em 1985.
Jader de Carvalho é Patrono Perpétuo
da Cadeira de nº 01 da ACLJ, cujo titular e fundador é um de seus filhos, o Senador
Cid Carvalho. Com essa atitude, Dr. Valdetário corrigiu uma longa injustiça do nosso
Município para com aquela notória figura, autor de Terra Bárbara:
“Eu
nasci nos tabuleiros mansos do Quixadá e fui crescer nos canaviais do Cariri,
entre caboclos belicosos e ágeis. Filho da gleba, fruto em sazão ao sol dos
trópicos, eu sou o índice do meu povo”. (Fragmento)
Aliás, a entidade decidiu homenagear o
confrade da ACLJ Paulo Maria de Aragão, falecido no dia 1º desde mês de
dezembro – advogado, jornalista e professor. A proposição foi de membros do
Conselho Estadual da OAB cearense, da qual o homenageado foi integrante. Pelo
que consta, o pleito original era pelo nome do prédio da nova sede, e a instituição
vai dar seu nome ao auditório. De toda sorte, um gesto de grandeza.
A propósito, a Associação Cearense de
Imprensa (ACI) e esta Academia Cearense de Literatura e Jornalismo (ACLJ) estão
encetando uma campanha pelo suprimento de lacunas existentes na galeria de
hermas da Praça de Imprensa, na Aldeota, que reúne bustos de seis grandes
jornalista cearenses falecidos.
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