NOVA POLÍTICA?
Rui Martinho Rodrigues*
O Presidente protagoniza embates que não demonstram habilidade política,
no sentido tradicional. Será uma forma de obter resultados políticos? Será uma tática
diferente, uma nova política? Buscar apoio diretamente das massas, sem passar
por agremiações partidárias, não é novidade. É populismo. Declarações duras, ao
gosto popular também. O uso das redes sociais é novidade, do ponto de vista do
instrumento usado, mas não deixa de ser a aludida comunicação direta com a população.
Articulação, projeto, definição de políticas e diálogo estão
ausentes? Temos neófitos em muitos postos do Governo. O próprio Presidente não
tem experiência executiva e o Brasil não é para principiantes, segundo palavras
atribuídas a Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (1927 – 1994).
Registre-se que o atual Governo foi eleito por uma frente, quase aliança,
ajuntamento de tendências diferentes. Liberais, conservadores e grupos sem uma
identidade política, movidos unicamente pelo repúdio à improbidade de muitos
políticos. Declarações sem eufemismos produzem um clima inamistoso.
Por outro lado, porém, não temos o tradicional “presidencialismo de
cooptação”, tão repudiado pelos eleitores. Deveríamos substituir a cooptação
pela negociação republicana, em torno da definição de interesse público, ao
invés de negociar cargos, verbas e obras ligadas a negócios suspeitos e ao
clientelismo, se isso for possível.
A alegada falta de projetos e definições políticas estaria
inviabilizando o Governo. Mas temos a reforma previdenciária caminhando;
mudança na política de concessão de serviços públicos; simplificação de
procedimentos para empreender; encaminhamento de normas de combate ao crime e à
corrupção; iniciativas diplomáticas como a facilitação da entrada de turistas
(com os seus dólares) e acordos como o do Mercosul e União Europeia, fim do segredo nas
transações do BNDES; cumprimento de promessas de campanha, como o
reconhecimento do direito de acesso aos meios de defesa. No prazo de seis meses, não é pouco.
Derrotas do Executivo atestam o exercício das prerrogativas do Legislativo e do Judiciário. Não estamos acostumados com isso. O
presidencialismo, antes de ser adjetivado como de coalizão, foi classificado
como “imperial”. Já não é uma coisa nem outra. Choramos por isso? Os resultados
decorrem das circunstâncias? Ou teremos um novo jogo político, que se serve da
comunicação com as massas e do conflito para obter resultados?
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