sexta-feira, 7 de setembro de 2018

POTOCA (CRÔNICA) - Árabe e Índio Brasileiro (VM)


ÁRABE E ÍNDIO
BRASILEIRO
Vianney Mesquita*



Piada – piado, pieira, pio. Pilhéria, dito picante, remoque, picuinha, chiste. FRANCISCO FERNANDES e CELSO PEDRO LUFT – Dicionário de Sinônimos e Antônimos da Língua Portuguesa. São Paulo: Globo, 1995).



Parabenizo, antes, o jornalista Reginaldo Vasconcelos pelo escrito de hoje – veraz, comedido e oportuno – a respeito do atentado de ontem (06.07.2018), em Juiz de Fora-MG, ao candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro, mais uma ação criminosa a nos envergonhar, em especial por parte do povo latino-americano, e que quase levou a óbito aquele postulante ao mais alçado lugar do Poder Executivo patrial, sugestionado pelo Barão de Montesquieu.

A fim, no entanto, de amatar um pouco status quo de tal modo degradante pelo qual transita o Brasil, reproduzo esta piada ouvida recentemente de um amigo, com o sal e a pimenta peculiares à gostosura da graça brasileira, diametralmente contrária ao ror de desconchavos morais que, de há muito, assacam esta Pátria, à qual me ponho genuflexo no dia em que perfaz 196 anos que se independizou de Portugal, em 7 de setembro de 1822.

***
Na primeira dezena de junho, um homem, medianamente escolarizado, com procedência familiar da costa sul da Bahia, ao adentrar um ônibus Fortaleza-João Pessoa, deu de cara com uma mulher muito bonita, cerca de 40 anos, pernas bem torneadas, vultosas e cruzadas, com indumento vistoso e curto, postada na segunda fila de assentos. Interesse imediato o tomou de assalto e achou de aboletar-se na cadeira vizinha à dela. De esguelha, fitou-lhe a sinistra e certificou-se de que não usava aliança, fato que alimentou sua vontade de entabular conversa com a moça, o que fez incontinenti.

 Está em gozo de férias, ou vai à Paraíba a serviço?

– Sou de Natal, me chamo Joana Angélica. Passei uns dias aqui na casa de um parente e agora me dirijo, depois de ficar dois dias em JP, a umas escolas secundárias de Bayeux, Mamanguape e Santa Rita, fazer em uma semana umas palestras para os jovens da rede pública estadual de ensino.

– A senhora, então, é professora, pedagoga?

– Não. Sou sexóloga.

– Sexóloga... E o que faz um sexólogo.

– É a pessoa versada em sexologia, ramo científico cuja finalidade é estudar normativamente a sexualidade e os problemas fisiológicos ou psíquicos com ela relacionados. Constitui missão importante e espinhosa.

– Sim. É claro! Muitas pessoas pensam que sexo e sexualidade são coisas simples, mas, ao que parece, não é bem assim...

Dra. Joana Angélica, muito loquaz e, havendo simpatizado com esse seu circunstante, conversou à farta acerca de temas sexuais e sexológicos, até que, desde certo momento, prosseguindo nos meandros do seu ofício, a pouco e pouco, foi debulhando curiosidades insertas no tema.

A certa altura da palestra, informou que os árabes são os homens mais bem-dotados de órgãos sexuais, pois os portadores das maiores genitálias em todo o Mundo. Na sequência, aduziu a informação de que, de todas as raças hominídeo-descendentes, os índios brasileiros são os machos que possuem o orgasmo mais demorado, superior ao dobro de tempo orgástico dos demais seres humanos.

Fez, então, parênteses na conversa e disse:

– Estamos quase chegando a Mossoró, dialogando há quase três horas, e o senhor ainda não me disse seu nome.

– Ah, sim, é verdade! Chamo-me Muhamad Pataxó.



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