quinta-feira, 19 de abril de 2018

ARTIGO - Prescrições Sobre Norma Culta (VM)


PRESCRIÇÕES PARA
SE ESCREVER SOB
NORMA CULTA
(No livro Bases para a Comunicação Científica, de eliene Moura)
Vianney Mesquita*



De que serve um livro que não saiba nos levar além de todos os livros? (Frederico Guilherme NIETZSCHE*. Röchen-Al., 15.10.1844; +Weimar, 25.08.1900).


Um corpo complexo de regras e técnicas para referenciar trabalhos escritos e/ou reproduzidos por quaisquer expedientes e suportes foi instituído pela sociedade, com o escopo precípuo de estabelecer, garantir e conservar a autenticidade dos documentos, em particular, decorrentes da seara científica, multiplicados editorialmente.

Este repositório de normas, com precedência e importância umas sobre as outras, há de ser observado pelos usuários, porquanto sua desobediência, via de regra, resulta no desvirtuamento da espécie, autoria, classificação temática e de várias outras características estruturais das peças documentais em guarda nos centros de documentação e referência (vigorante denominação das bibliotecas), bem assim em coleções particulares para posterior emprego.

Na ampla seara taxinômica, então, a enorme variedade de material em registro – quanto aos diversos ângulos de sua distribuição por classe (formato, conteúdo, canal, suporte etc.) – solicitou a existência de verdadeiro caudal de procedimentos, estabelecidos no curso de anos e anos de experiência no trato biblioteconômico.

Esta realidade chegou até o auge de impor o desenvolvimento de programas de formação superior e pós-graduação, em sentidos estrito e largo, na grande área da Ciência da Informação e ramos disciplinares afins, onde são refletidos, praticados e pesquisados os copiosos eventos a envolverem a produção, referência e abrigo dessa mui diversificada sucessão de informações.

Nas diversas nações onde se produz documento, jamais nos países de cultura mais letrada – como felizmente já se amostra o Brasil – em geral, os lineamentos de referência bibliográfica, catalogação e taxionomia são semelhantes, haja vista prestigiarem, mudado aquilo falto de mudança e na devida ordem, autor, obra, tradutor, número e local da edição, editor e exercício da publicação – isto em vários exemplos que podem ser  suscitados.

De tal modo, cada Estado adota princípios particulares, todavia conformados aos preceitos de ordenação internacional, adquiridos pela prática e consuetudinariamente ao cabo de muito tempo.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT é uma espécie de longa manus nacional da Organização Internacional de Normalização (ISO – Internacional Standardization Organization), entidade pluriestatal encarregada, juntamente com suas associadas em cada Nação, de proceder às recomendações para normalização de documentos.

Na senda da produção científica e similares – repetimos – é imperiosa a obediência às indicações da ABNT, nomeadamente na normalização de monografias, dissertações e teses nas universidades, institutos, centros universitários e de pesquisa, bem como nas IES isoladas, a fim de ensejar rápida e fácil recuperação informacional, com o emprego dos elementos prescritos pelo conjunto de cânones oriundos dessa instituição e de suas iguais, como também de proteger o bem de capital dos autores, configurado no produto de sua indústria intelectiva para acumulação dos feitos de Ciência, Tecnologia e Arte.

Impende atentar-se para o fato de haver, de quando em quando, modificações, acréscimos e subtrações nesses dispositivos, em decorrência da evolução e aparecimento dos fatos apontados pelos cientistas, razão pela qual os produtores de conhecimento hão de estar modernizados em relação ao estado d’arte da documentação e disciplinamentos afins, com vistas a compadecer seus textos aos estalões recomendados. A falta dessa diacronia regulamentar propicia aos produtores textuais a assomada de referências baseadas em conceituações antecipadas, não mais positivas nem vigentes, ou mesmo procedidas a seu talante, como se apenas a eles fosse cometido esse múnus.

Aliás, convém evidenciar, em sua maioria, as instituições não mais acolhem para defesa e publicação escritos vazados a contrapelo das normas, porquanto esbarram na vigilância de orientadores e referees, providência altamente benéfica à causa da propagação ordenada e bem dirigida do saber.

Todos reconhecem o fato de ser embaraçosa a tarefa de socializar conhecimento novo sob a superabundância de normativas prescrições, assustadora pletora de detalhes aparentemente inócuos, contudo resultados de estudos em grande intensão, ao cabo de tanto tempo, conduzindo a indústria humana escrita pela trilha ampla da ecumenicidade.

Ao reflexionar no tocante a essa dificuldade confessa dos produtores textuais, de operarem seus escritos debaixo de tantas e pormenorizadas regras, a bibliotecária executiva, mestra em Políticas de Educação Superior e nossa ex-aluna, Eliene Moura, encontrou um jeito inteligente de, se não resolver, pelo menos reduzir consideravelmente o problema com o qual se vê de braços, no seu ofício funcional na Universidade Federal do Ceará: o da normalização bibliográfica.

Conforme acontece com os bons executivos da Ciência da Informação, pelo quais nutro a maior admiração e prospero no máximo respeito, ela escreveu o livro Bases para a Comunicação Científica, um didático manual, referência terciária para os autores harmonizarem seus escritos às regras vigentes no Brasil, no concernente a monografias, dissertações e teses acadêmicas, aportando exemplos simples e igualmente práticos de todos os eventos possíveis de suceder ao se escrever nessas três vertentes universitárias de textos.

Sem dúvida, o Manual constitui um aide mémoire de facílimo acompanhamento, com o qual o consultante se sentirá seguro ao operar suas referências, assim transformado pelo preparo técnico e intelectual da Autora, merecedora dos aplausos de quantos lidam com a produção e o tratamento da comunicação acadêmica.

Este livro, no instante exato de sua necessidade, é volume indispensável a docentes, estudantes e coordenadores de programas de pós-graduação, stricto e lato sensu, orientadores e quaisquer pessoas cujo mister descansa na investigação científica ou com esta guarde afinidade no concerto de sua atuação.


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