PRESCRIÇÕES PARA
SE ESCREVER SOB
NORMA CULTA
(No
livro Bases para a Comunicação Científica, de eliene Moura)
Vianney Mesquita*
De que serve um livro que não saiba nos levar
além de todos os livros? (Frederico Guilherme NIETZSCHE*. Röchen-Al.,
15.10.1844; +Weimar, 25.08.1900).
Um
corpo complexo de regras e técnicas para referenciar trabalhos escritos e/ou
reproduzidos por quaisquer expedientes e suportes foi instituído pela
sociedade, com o escopo precípuo de estabelecer, garantir e conservar a
autenticidade dos documentos, em particular, decorrentes da seara científica,
multiplicados editorialmente.
Este
repositório de normas, com precedência e importância umas sobre as outras, há
de ser observado pelos usuários, porquanto sua desobediência, via de regra,
resulta no desvirtuamento da espécie, autoria, classificação temática e de
várias outras características estruturais das peças documentais em guarda nos
centros de documentação e referência (vigorante denominação das bibliotecas),
bem assim em coleções particulares para posterior emprego.
Na
ampla seara taxinômica, então, a enorme variedade de material em registro –
quanto aos diversos ângulos de sua distribuição por classe (formato, conteúdo,
canal, suporte etc.) – solicitou a
existência de verdadeiro caudal de procedimentos, estabelecidos no curso de
anos e anos de experiência no trato biblioteconômico.
Esta
realidade chegou até o auge de impor o desenvolvimento de programas de formação
superior e pós-graduação, em sentidos estrito e largo, na grande área da
Ciência da Informação e ramos disciplinares afins, onde são refletidos,
praticados e pesquisados os copiosos eventos a envolverem a produção,
referência e abrigo dessa mui diversificada sucessão de informações.
Nas
diversas nações onde se produz documento, jamais nos países de cultura mais
letrada – como felizmente já se amostra o Brasil – em geral, os lineamentos de
referência bibliográfica, catalogação e taxionomia são semelhantes, haja vista prestigiarem,
mudado aquilo falto de mudança e na devida ordem, autor, obra, tradutor, número
e local da edição, editor e exercício da publicação – isto em vários exemplos
que podem ser suscitados.
De
tal modo, cada Estado adota princípios particulares, todavia conformados aos
preceitos de ordenação internacional, adquiridos pela prática e
consuetudinariamente ao cabo de muito tempo.
A
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT é uma espécie de longa manus nacional da Organização
Internacional de Normalização (ISO –
Internacional Standardization Organization), entidade pluriestatal
encarregada, juntamente com suas associadas em cada Nação, de proceder às
recomendações para normalização de documentos.
Na
senda da produção científica e similares – repetimos – é imperiosa a obediência
às indicações da ABNT, nomeadamente na normalização de monografias,
dissertações e teses nas universidades, institutos, centros universitários e de
pesquisa, bem como nas IES isoladas, a fim de ensejar rápida e fácil
recuperação informacional, com o emprego dos elementos prescritos pelo conjunto
de cânones oriundos dessa instituição e de suas iguais, como também de proteger
o bem de capital dos autores, configurado no produto de sua indústria
intelectiva para acumulação dos feitos de Ciência, Tecnologia e Arte.
Impende
atentar-se para o fato de haver, de quando em quando, modificações, acréscimos
e subtrações nesses dispositivos, em decorrência da evolução e aparecimento dos
fatos apontados pelos cientistas, razão pela qual os produtores de conhecimento
hão de estar modernizados em relação ao estado d’arte da documentação e
disciplinamentos afins, com vistas a compadecer seus textos aos estalões recomendados.
A falta dessa diacronia regulamentar propicia aos produtores textuais a
assomada de referências baseadas em conceituações antecipadas, não mais
positivas nem vigentes, ou mesmo procedidas a seu talante, como se apenas a
eles fosse cometido esse múnus.
Aliás,
convém evidenciar, em sua maioria, as instituições não mais acolhem para defesa
e publicação escritos vazados a contrapelo das normas, porquanto esbarram na
vigilância de orientadores e referees,
providência altamente benéfica à causa da propagação ordenada e bem dirigida do
saber.
Todos
reconhecem o fato de ser embaraçosa a tarefa de socializar conhecimento novo
sob a superabundância de normativas prescrições, assustadora pletora de
detalhes aparentemente inócuos, contudo resultados de estudos em grande
intensão, ao cabo de tanto tempo, conduzindo a indústria humana escrita pela
trilha ampla da ecumenicidade.
Ao
reflexionar no tocante a essa dificuldade confessa dos produtores textuais, de
operarem seus escritos debaixo de tantas e pormenorizadas regras, a
bibliotecária executiva, mestra em Políticas de Educação Superior e nossa ex-aluna,
Eliene Moura, encontrou um jeito inteligente de, se não resolver, pelo menos
reduzir consideravelmente o problema com o qual se vê de braços, no seu ofício
funcional na Universidade Federal do Ceará: o da normalização bibliográfica.
Conforme
acontece com os bons executivos da Ciência da Informação, pelo quais nutro a
maior admiração e prospero no máximo respeito, ela escreveu o livro Bases para a Comunicação Científica, um didático
manual, referência terciária para os autores harmonizarem seus escritos às
regras vigentes no Brasil, no concernente a monografias, dissertações e teses
acadêmicas, aportando exemplos simples e igualmente práticos de todos os
eventos possíveis de suceder ao se escrever nessas três vertentes
universitárias de textos.
Sem
dúvida, o Manual constitui um aide
mémoire de facílimo acompanhamento, com o qual o consultante se sentirá
seguro ao operar suas referências, assim transformado pelo preparo técnico e
intelectual da Autora, merecedora dos aplausos de quantos lidam com a produção
e o tratamento da comunicação acadêmica.
Este
livro, no instante exato de sua necessidade, é volume indispensável a docentes,
estudantes e coordenadores de programas de pós-graduação, stricto e lato sensu,
orientadores e quaisquer pessoas cujo mister descansa na investigação
científica ou com esta guarde afinidade no concerto de sua atuação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário