quinta-feira, 30 de novembro de 2017

CRÔNICA - O Cearense e Dorothy Lamour (WI)


O CEARENSE E
DOROTHY LAMOUR
Wilson Ibiapina*


Dorothy Lamour / Com amor te matei / Sereia/ Na areia do cinema. Dorothy Lamour / Com ardor te adorei / No drama da primeira fila”. É asim que começa o poema de Fausto Nilo, depois musicado por Petrúcio Maia.

Naquele tempo, todos os jovens eram apaixonados pela artista norte-americana, nascida em Louisiana. Ela foi Miss Nova Orleans de 1931 e sonhava em ser cantora. Virou atriz aos 22 anos. Começou a fazer sucesso quando apareceu nas telas em trajes mínimos e sensuais, no papel de uma garota das selvas, num filme ao estilo de Tarzan.

O papel de Ulah tornou-a a atriz mais cobiçada, sex-symbol do cinema americano. Virou diva. Foi assim que ela chegou às telas de Fortaleza. Aparecia com pouca roupa, despertando a fantasia e o desejo dos adolescentes.

Participou de mais de 60 filmes. Atuou até 1987, quando fez seu último filme para o cinema. Ela virou um mito na literatura e na poesia. Rachel de Queiroz, num conto, apresenta a atriz como ideal de beleza no imaginário dos marinheiros, em plena Segunda Guerra:

No posto de dirigíveis criava-se aquela tradição da menina do laranjal. Os marinheiros puseram-lhe o apelido de Tangerine-Girl. Talvez por causa do filme de Dorothy Lamour, pois Dorothy Lamour é, para todas as Forças Armadas norte-americanas, o modelo do que devem ser as moças morenas da América do Sul e das ilhas do Pacífico. Talvez porque ela os esperava sempre entre as laranjeiras. E talvez porque o cabelo ruivo da pequena, quando brilhava á luz da manhã, tinha um brilho de tangerina madura”. Na mesma linha, outro cearense, Fausto Nilo, também se encantava: “A tua cor, o teu nome / Mentira azul / Tudo passou, teu veneno / Teu sorriso blue / Hoje eu sou / Água-viva dos mares do sul / Não quero mais chorar / Te rever, Dorothy Lamour.

E foi com esse encantamento que Fausto Nilo, um dia em visita aos Estados Unidos, decidiu conhecer sua musa pessoalmente. Através de amigos americanos acertou o encontro que seria no rancho em que ela morava perto de Los Angeles. No dia combinado, um portador chegou para avisar que a visita estava cancelada. Velha e feia, não queria que seu fã, Fausto Nilo, mudasse a imagem que tinha dela.

Dorothy Lamour – pseudônimo de Mary Leta Dorothy Slaton – morreu aos 81 anos, em  22 de setembro de 1996. Ataque cardíaco, enquanto dormia. Deixou os filhos Richard Thompson Howard e John Ridgely Howard. Ficou a  saudade da bela mulher que levou  Fausto Nilo a “naufragar em seus olhos de mar azul”.


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