O SÍMBOLO DA
ODONTOLOGIA
(GOTAS DE HISTORIA 24)
José Dilson Vasconcelos de Menezes*
Apesar
de constituir-se tema abordado por vários cirurgiões-dentistas, o símbolo da
nossa profissão ainda é desconhecido por numeroso contingente de colegas.
Em face desse desinteresse, constatamos que,
na capa de periódicos ou em convites de formatura, por vezes, o símbolo da Odontologia
é representado por um vistoso facho de fogo ostentando uma cobra com a cabeça
acima da chama.
Nada mais fantasioso e distante da realidade,
pois é sabido que esse réptil foge do fogo e, sem dívida, jamais iria
permanecer fogueando.
O verdadeiro símbolo da Odontologia é
constituído por um bastão no qual a Colluber
Esculapii (serpente amarela de Esculápio) se enrosca da direita para a
esquerda, circunscrita por um círculo.
Esse modelo simbólico foi proposto por
Benjamin Constant Nunes Gonzaga, dentista do Exército, divulgado num artigo
intitulado O Emblema Simbólico da
Odontologia, publicado em março de 1914, na Revista Odontológica Brasileira, posteriormente denominada Revista da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas.
Em 1912, tendo a American Medical Association
adotado como seu símbolo o “bastão de Esculápio”, o autor mencionado propôs,
para o Corpo de Saúde do Exército, o símbolo eleito pela Medicina, inscrito por
numa circunferência – Medicina Circunscrita – por entender que a Odontologia
era a profissão médica que cuidava da cavidade bucal.
Posteriormente, quando da realização do VII
Encontro dos Sindicatos de Odontologia do Brasil, ocorrido em 6 de novembro de
1973, sob os auspícios da Federação Nacional dos Odontologistas, foi
constituído um Grupo de Trabalho integrado pelos professores Cyro Rausis,
Amadeo Bobbio e Ernesto Salles Cunha. Discutindo o assunto, os eminentes colegas
ratificaram o modelo anteriormente proposto, acrescentando apenas alguns
detalhes com referência à coloração: o bastão deverá ser marrom e o círculo
grená. Assim, foi recomendado pelo Grupo de Trabalho e aprovado na Assembleia
Geral do evento.
Acerca do significado dos integrantes desse
símbolo, transcrevemos o relato de Amadeo Bobbio e Elias Rosenthal, contido à
página 413 do livro A Odontologia no
Brasil no Século XX, de autoria de Elias Rosenthal.
“Esculápio, ao sair da casa de uma doente,
para o qual tinha perdido toda a esperança de salvação, cruzou com uma serpente
de cor amarela, não venenosa, que lhe cerrou o passo. Esculápio, acreditando-se
atacado, matou-a. No mesmo instante, se apresentou outra de igual tamanho e
cor, e só então observou que o réptil levava na boca uma planta, com a qual
pode curar a doente desenganada. Desde então, foi a inseparável companheira do
Deus da Medicina, e se representa enroscada ao redor de um bastão”.
O Conselho Federal de Odontologia ratificou o
que havia sido aprovado no VII Encontro dos Sindicatos de Odontologia do Brasil
e oficializou esse símbolo, fazendo constar sua aprovação no texto do artigo
275 da Consolidação das Normas para Procedimentos nos Conselhos de Odontologia.
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