INÉRCIA E ESPERANÇA
Rui Martinho Rodrigues*
As jornadas de 2013 pareciam indicar que o
Gigante Adormecido havia despertado. Depois de um lapso de tempo relativamente
curto, surgem escândalos capazes de abalar o mundo. O Gigante, porém, não se
abala. Diferentes correntes políticas tentam fazer manifestações. Elas
acontecem, mas são ajuntamentos sem expressão.
Afastar um grupo cujos escândalos haviam se
tornado óbvios (PT), levou a entrega do poder a outro grupo (PMDB), sócio do
primeiro nas suas “tenebrosas transações” durante treze anos.
Logo surgiram os
escândalos envolvendo os ex-sócios que permaneceram no poder. Um terceiro
grupo, que nos últimos anos queria aparentar postura oposicionista, mas sem se
esforçar muito para tanto (PSDB), aliou-se ao segundo grupo, o PMDB. Surgiram
então os escândalos entre os líderes do PSDB.
A maioria silenciosa havia falado. Afastar um
grupo que além de roubar administrava de modo desastroso era uma atitude razoável
quando se tinha a esperança em uma nova administração, diferente da que fora
repudiada. O segundo e o terceiro grupos, PMDB e PSDB, todavia, encontram-se
sob gravíssimas suspeitas.
Sair às ruas sem ter em vista líderes,
partidos ou programas com credibilidade não é uma proposta tentadora. A
divulgação do áudio da então Presidente Dilma combinando com ex-presidente Lula
uma maneira de obstruir a ação da Justiça, levou multidões às ruas imediatamente,
sem ninguém convocar.
A polêmica gravação do Presidente Temer dialogando com o
Wesley Batista não levou multidões às ruas, por mais que os “vaqueiros da
boiada cidadã” se esforçassem para promover manifestações na linha “fora
Temer”.
A ausência de manifestações autênticas não se
deve ao aspecto polêmico da suposta prova. Deve-se, ao contrário, ao descrédito
generalizado dos homens públicos.
Quando partidos, líderes, programas e
doutrinas políticas estão desacreditados o povo desanima. Manifestar-se por
quem? Por qual programa ou partido? Por qual doutrina política? Quando a descrença
é generalizada não há manifestação expressiva.
É desastroso desacreditar na política. Mas
este descrédito tem fundadas razões. Precisamos reconstruir estruturas
partidárias, lideranças e programas exequíveis, dotados de efetividade.
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