segunda-feira, 31 de julho de 2017

ARTIGO - O Paradoxo da Cidadania (RMR)


O PARADOXO DA CIDADANIA
Rui Martinho Rodrigues*


O uso da razão é impactado pelas paixões. As limitações da percepção causadas por falsas premissas são agravadas pelas convicções, como pelo relativismo ético e cognitivo. A cidadania exige politização, informação, ética e uso da razão. A politização das massas é incentivada.


A Argentina é um exemplo desastroso disso. A politização divide e apaixona, afastando a razão. A desinformação segue a lógica da guerra, que frequentemente se instala nos duros embates da política, reforçando a marcha da insensatez.

O relativismo ético, defendido por meio dos sofismas de pensadores havidos como geniais, contribui para o relativismo cognitivo. Os relativismos citados afastam a distinção entre o bem e o mal, confundindo verdade, erro e mentira. Problemas complexos, como a definição de uma matriz energética, de uma política tributária ou a escolha de políticas financeiras, tornaram-se reféns das paixões e interesses subalternos. Pessoas doutas são levadas pela insensatez endêmica.

O noticiário denuncia com indignação que Israel está usando detectores de metais no acesso às mesquitas de Jerusalém, mas omite que em Meca os próprios árabes adotam o mesmo procedimento. Na União Europeia a tolerância com os intolerantes islâmicos revela perigosa incapacidade de discernir entre democracia e pusilanimidade. Nos EUA a eleição de um presidente despreparado evidencia a incapacidade das tendências políticas quando da escolha dos seus representantes. A pandemia de irracionalidade é global.


No Brasil, corporações privilegiadas, ignorando a grave situação do País, reivindicam reajuste salarial muito acima da inflação; políticos, igualmente desligados da realidade, negociam emendas no orçamento em função de interesses particularistas; intelectuais transitam entre o moralismo e o relativismo ético sem a menor cerimônia, conforme a direção das denúncias de corrupção; juristas fazem do garantismo penal um valor sagrado ou um academicismo desprezível conforme as conveniências políticas. A marcha da insensatez poderá nos levar a perder mais uma oportunidade histórica de mudar o Brasil.


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