Lava Jato
Mídia e WhatsApp
Arnaldo Santos*
Racionalmente, com exceção do Presidente
Temer, de dois terços do Congresso e dos demais denunciados na “Lava Jato",
a quase unanimidade da sociedade brasileira aplaude essa interminável operação.
Mas será mesmo essa a única agenda do País? Ainda bem que existe o WhatsApp e
a criatividade do povo para dar uma aliviada nessa depressão coletiva que, em
maior ou menor grau, nos atinge a todos!
Chega de Temer, JBS, Eduardo Cunha, Lula (com
ou sem tríplex), Gedel, Odebrecht, OAS, Léo Pinheiro, e outras pústulas. Esses
não nos representam, e nada mais têm a oferecer ao país. Lava Jato, Janot e
Moro, com todos os méritos que se lhes possam atribuir, também já não têm nada
de novo a apresentar à Nação, a não ser as penas acessórias aos já
condenados.
Desde de já alertamos que não estamos
defendendo que se deva desconsiderar essa realidade, mas entendemos que os
personagens e os fatos referidos não devem continuar sendo a única agenda do
debate nacional, pois há mais de dois anos estão em evidência, em detrimento de
uma agenda substantiva reclamada pela sociedade brasileira, que em última
análise sofre os rebatimentos da crise.
A supervalorização que a mídia grande, há mais
de dois anos, tem dispensado aos corruptos, bem como a alguns personagens
candidatos a “super-heróis” da Nação, com seus egos inflados e tão grandes ou
maiores que o volume dos recursos desviados, e ávidos pela midiatização dos
seus atos, a pretexto de combater e denunciar os escândalos de corrupção, na
verdade têm corroborado para a geração, no inconsciente coletivo, de um falso
sentimento de vitimização daqueles a quem dizem combater.
Para além desses fatos e apesar deles, existe
um outro País, construído por homens e mulheres trabalhadores, jovens e
dedicados estudantes, ávidos por realizarem seus sonhos, mas que não geram
manchetes para vender jornais, revistas e telejornais manipuladores, mas que
fazem o Brasil real, que diariamente cumpre uma agenda edificante, longe da
corrupção e da espetacularização da crise ética e moral.
Nessa perspectiva propomos que as manchetes de
capa e o horário nobre da televisão sejam dedicados à discussão da pauta do
Brasil real, onde agenda do governo, a pretexto de cortar gastos para reduzir o
déficit público, fingindo austeridade na gestão, (aprovou até a lei do teto dos
gastos), na verdade tem reduzido os já precários serviços de saúde, educação,
segurança, dentre outros.
Para exemplificar, na agenda do Brasil real,
as maiores Universidades brasileiras estão fechando cursos e laboratórios,
deixando milhares de alunos sem aula, e sem bolsa de estudos, suspendendo pesquisas
importantes em fase final de conclusão, na área das endemias, correndo-se o
risco de se perder todo o conhecimento científico acumulado, e os recursos
investidos.
Nos hospitais brasileiros as cirurgias
eletivas estão igualmente suspensas, e os médicos são obrigados a escolher os
pacientes a quem vão salvar, e quais os que deixaram morrer, por falta de
condições. Que tal em substituição as manchetes com o juiz Moro, lava jato e
Janot, trazer esses temas para discussão nas peixeiras páginas?
COMENTÁRIO:
Arnaldo Santos traduz em seu artigo a imensa
fadiga psíquica que a política vem provocando no povo brasileiro, todos nós exauridos de tanta futrica, de tanta denúncia, de tanta manobra, a cidadania há meses obrigada
pela mídia a transitar por corredores de fóruns e por alas de presídios, na
nauseante luta politiqueira e em uma não menos indigesta persecução criminal
policialesca e judicial interminável.
O povo quer trabalhar e produzir, quer viver
em paz e ser feliz, enquanto uma inanana batalha de gatos e ratos lhes estorvam
a existência – um grupo de bandidos encastelados na administração da República
e nos feudos econômicos, acossado por uma cavalaria de justiceiros federais, a
galopar sobre o moral da Nação, cada vez mais acabrunhada e deprimida, interna
e externamente.
Eu tenho aquela analogia de que um País se
resume a um povo instalado na planície, que estuda e trabalha, que faz ciência e arte, que cria e
produz, para garantir a si mesmo alimentos e confortos em geral, povo esse que
elege ou contrata por concurso um grupo de servidores públicos que vão para o
planalto administrar os bens comuns – as leis, a ordem, as estradas, os
mananciais – sustentado pelos tributos da planície.
Políticos, legisladores, administradores, ministros, juízes – esses não produzem riqueza, e ainda detém o poder de atrapalhar a economia. Eles não estão no “planalto” para escravizar quem trabalha e produz riqueza lá embaixo, nem para subtrair o dinheiro dos impostos por meio de manobras espúrias, prejudicando a produção e o progresso nacional. E as Forças Armadas também recebem do povo para proteger os interesses nacionais. Se de repente elas se compenetrarem disso...
Reginaldo Vasconcelos
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