SOBRE
RIMAS & RIMAS
RIMAS & RIMAS
Vicente
Alencar*
(Abas do Livro de Pereira de Albuquerque "Rimas & Rimas –
Caminhos do Ceará", publicado em Fortaleza pela Editora Expressão Gráfica)
Consciente, equilibrado.
Exímio observador e calmo por natureza, o poeta Pereira de Albuquerque encontra
em todos os detalhes da vida sobejos motivos para, deles, extrair poesia. Nada
lhe escapa à observação: o amor, a crítica social, a felicidade, a educação o
(des)governo, a religião, a paz, o futebol, os falsos profetas, e tudo mais.
Afirmar essas verdades é
para ele apenas a maneira que escolheu para nos brindar com as suas redondilhas
– os notáveis heptassílabos onde dá largas à sua aguçada percepção do mundo,
enxergando, inclusive, o que outros não veem.
Aliás, essa qualidade dos
poetas de enxergar além do seu tempo (tão duramente criticada pelos
desafetos da poesia) é que dá lugar, muitas vezes, a frases como esta: “...afinal de contas é um poeta, deixem-no para
lá!” Pois justamente esses poetas são os observadores críticos do mundo,
que gira desgovernado, mercê, é claro, dos “inteligentes” que sabem de tudo e
teimam em dirigi-lo, preterindo os mais capazes.
Na confecção desse
"Rimas & Rimas", Pereira de Albuquerque mostra respeito pelos
seus leitores ao burilar vezes e vezes sua obra, tornando-a agradável e de
fácil compreensão – o que vem confirmar a seriedade do seu fazer poético.
Tem razão Dimas Macedo,
poeta e crítico literário, quando o reputa um dos nossos melhores escritores. A
verdade é que me deliciei com a leitura dos originais, onde o troveiro, vindo
de Ipaumirim para a conquista da Capital, insere esta quadra no poema “Quatro Estações”:
Crianças soltando arraias,
risos... luz em profusão...
garotas lotando as praias,
calor intenso!... é verão!
E esta trova sob o tema
felicidade, já que, a despeito de tudo, todos os poetas são felizes, embora às
vezes não pareçam:
Felicidade, és a glória
passageira e merecida
que estruge a cada vitória
que conquistamos na vida!
Mas o garoto que veio do
interior não é só alegria. De repente, num rasgo de tristeza, ei-lo a cantar na
saudade do Icó, mostrando que nunca perdeu sua identidade com o sertão
cearense:
Se é noite e a Lua vem
vindo,
quando à varanda estou só,
fico a cismar, repetindo:
que terra boa é o Icó!
Para concluir, afirmamos
que a escalada do poeta neste novo livro repete o sucesso de lançamentos
anteriores, como, por exemplo, “Versos de Ontem e de Hoje”, “Outono” e “O
Eleitor”. “Rimas & Rimas”, portanto, não precisa de comentários nem de
apresentação, pois mostra, por si só, um autor maduro e competente em sua
missão.
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