NÃO CONTROLA ENCHENTES
Cássio Borges*
CONCEDI
ENTREVISTA POR TELEFONE A ESSE PORTAL DE NOTÍCIAS (Tribuna do Ceará) SOBRE O
AÇUDE CASTANHÃO, E ENDOSSO TUDO O QUE DISSE, MAS, NO FINAL, FAÇO UMA RESSALVA.
TUDO
É IMPORTANTE SER DITO SOBRE ESSA OBRA PARA QUE A POPULAÇÃO POSSA ENTENDER
TODA A SISTEMÁTICA DOS RECURSOS HÍDRICOS DISPONÍVEIS NO ESTADO DO CEARÁ NA QUAL
ELA FAZ PARTE.
ENVIEI
O E-MAIL, ABAIXO TRANSCRITO, PARA O EDITOR DO PORTAL DO SISTEMA JANGADEIRO
PRESTANDO ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS À REFERIDA ENTREVISTA.
“Caro Felipe Lima
Li a matéria que foi publicada no Portal da Tribuna do Ceará
no último dia 25 em entrevista que prestei, por telefone, a esse veículo de
comunicação. Tudo bem, mas no final, houve um engano ao ser atribuída a mim a
afirmação de que o Açude Castanhão “romperia caso houvesse um inverno
excepcional como os dos anos de 1974 e 1985”.
Eu disse, na realidade, que o açude Castanhão ‘não
controla enchentes, caso houvesse um inverno excepcional como os de 1974 e
1985’. Os projetistas e promotores desse empreendimento, no caso a
Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do Ceará e seus dirigentes, passaram
e continuam passando a falsa sensação para a sociedade que o referido açude controla enchentes no Baixo Jaguaribe,
o que não é verdade. Em outras palavras, afirmo que o tal ‘volume de espera’ só
serviu para aumentar o custo da barragem e deslocar a população ordeira de
quatro municípios atingidos por sua bacia imensa e desnecessária bacia
hidráulica.
O ‘volume de espera’ do Castanhão pode armazenar 2,3 bilhões
de metros cúbicos de água, da cota 100m a cota 106m. Não há duvida que o Açude
Castanheiro (eu disse Castanheiro, em Lavras da Mangabeira), na
bacia do Rio Salgado, afluente principal do Rio Jaguaribe por sua margem
direita, com 2,0 bilhões de m³ de acumulação, faria muito melhor este papel,
além de se situar na cota 230m, podendo levar a água por gravidade para a
maior parte do Estado do Ceará, o que é impossível ser feito pelo Açude
Castanhão, situado próximo do litoral, construído na cota 50m.
Este é mais um lamentável erro de engenharia cometido por
aqueles que se dizem os ‘maiorais’ da hidrologia do Nordeste. Já havia feito
este registro no meu livro ‘A Face Oculta da Barragem do Castanhão – Em Defesa
da Engenharia Nacional’, editado em 1999. Não preciso citar nomes. Eles estão
nesse livro. Que imensas saudades vamos sentir do DNOCS!”
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