segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

ARTIGO - O Tamanho do Buraco (RMR)

O TAMANHO DO BURACO
Rui Martinho Rodrigues*



Os números do PIB, inflação, desemprego e da maioria dos indicadores passam a cada dia por revisão, sendo reajustados, invariavelmente, para pior. O PIB de 2015 seria positivo, embora modesto, depois levemente negativo. Chegou a uma queda 3,8%, recessão cavalar. A inflação ficaria dentro da meta, ainda que no limite superior. As primeiras previsões para 2016 são piores. Caso se agravem, a exemplo do ano findo, teremos desastre.

Temos quedas expressivas nos setores automotivo, de imóveis, de confecções e muitos outros. Estados e municípios já não podem pagar sequer o funcionalismo. Municípios encontram-se em situação deplorável. A União, depois de um déficit de 120 bilhões de reais, não fez o ajuste, nem fez ou tentou fazer as reformas necessárias. A situação da previdência fica na discussão da idade e do tempo de contribuição. Ninguém fala em separar as despesas da previdência daquelas da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS). Ninguém explica os motivos pelos quais tais despesas devam onerar apenas os segurados, ao invés de serem rateadas por todos os contribuintes de tributos.

Qual é o tamanho do buraco?

O quadro deste ano é mais desfavorável do que o ano anterior. A China declina, indicando decréscimo das exportações de grãos e minérios. Os EUA iniciam uma tendência para a alta dos juros. O petróleo, caindo de preço, pode até favorecer o caixa da Petrobras, que continua vendendo combustível a preço dos tempos de petróleo caro. Mas os preços baixos do “ouro negro” podem inviabilizar o pre-sal, em quem depositaram-se tantas esperanças. No ano passado as economias desenvolvidas cresceram 2%; as economias em desenvolvimento cresceram 5%; o mundo como um todo cresceu 3%, e o Brasil encolheu 3,8%. Até a Colômbia, em guerra civil, cresceu. O Brasil, porém, decresceu muito.


Agora o mundo está crescendo menos. Estados beneficiados pela renda do petróleo serão prejudicados pela queda na produção do setor. Os nossos produtos de exportação, grãos e minérios, estão se desvalorizando e nada foi feito para debelar a crise. As reformas nas áreas de tributo e previdência não foram sequer tentadas. Só cuidamos de aumentar o Fundo Partidário.

A solução da crise política é necessária à solução da crise econômica. Mas não há solução previsível para ela. O caminho escolhido parece ter sido fazer uma grande pizza da operação Lava Jato. Colaborações negociadas são modificadas ao chegarem em Brasília. O núcleo político governista da organização criminosa está incólume. Apenas os políticos dissidentes estão sendo pressionados, enquanto os núcleos de empresários, com exceção da Odebrechet, e o de tecnocratas estão sendo condenados. 

As empresas envolvidas na corrupção estão sendo mimoseadas com uma legislação feita ad hoc para salvá-las, sob o rótulo de acordo de leniência, desestimulando a colaboração negociada, que poderia incriminar figuras situadas nas mais altas esferas da República, retirando a confiança dos investidores e agravando a crise.

Qual será o tamanho do buraco? Ninguém sabe!


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