A MALHAÇÃO DO JUDAS
Rui Martinho Rodrigues*
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O linchamento moral, porém, é
praticado sem nenhum protesto. O pretexto é a condição de corrupta da pessoa
linchada, analogamente aos linchamentos físicos, que apresentam como desculpa o
fato do linchado ser ladrão ou estuprador.
O Brasil tem, na vida pública, o
linchamento moral como prática recorrente. Não faltam defensores da violência
assim praticada, vista como “ira santa”, “indignação cidadã”, “execração
pública”. O eufemismo, porém, cede lugar ao protesto indignado quando existe
afinidade ideológica com a pessoa execrada. Paulo Maluf, Collor, Delfim Neto e
tantos outros deram plantão como Judas. Collor precisou sair do Brasil, porque
não podia andar nas ruas de nenhuma cidade.
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Conforme as informações obtidas em
sede de colaboração premiada de réus da Lava-Jato, Eduardo Cunha integrou a
organização criminosa que abalou a grande petroleira estatal. Cometeu crime,
sim. Mas seria o chefe da organização? Não. Um deputadozinho do baixo clero não
seria o capo de todos os capos. Seria integrante da cúpula da
organização criminosa? Não. Desimportante, ao tempo dos crimes, não era cúpula.
Teve papel decisivo na compra superfaturada da “ruivinha”, a refinaria comprada
no EUA, assim chamada por ser enferrujada? Não.
O deputado só se tornou importante
quando chegamos a um parlamentarismo de fato, causado pela falência política do
Executivo. Tornou-se persona non grata
ao Executivo muito depois dos crimes, por motivos alheios aos referidos delitos.
A guerra entre ele e a Presidente da República deveu-se a disputa pela presidência
da Câmara e a divergência no campo da moralidade sexual, quando o senhor Cunha passou
a brandir bandeiras conservadoras.
Será esse o grave crime em que
Macunaíma perdoa ladrões, mas não tolera a moral conservadora?
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