A LEI SOU EU!
Humberto Ellery*
“L’État c’est moi”
(Luís XIV – Y
Saint-Germain-en-Laye, 1638 – †
Versalhes,1715)
A
Presidente Dilma Rousseff alterou a lei que regulamenta o “Livro dos Heróis da
Pátria”, para incluir o nome de Leonel de Moura Brizola. A Lei exigia, para a
concessão da honraria, que o homenageado já tivesse 50 anos de falecido,
(Brizola faleceu em 2004), justamente para que o distanciamento temporal
evitasse a contaminação das paixões políticas na escolha do homenageado.
Atropelar
as leis a seu bel-prazer não é estranho na vida pregressa de Dilma, é mais
corriqueiro do que deveria, mas daí a considerar “Herói da Pátria” um político
com uma biografia tão polêmica (para dizer o mínimo, e ser respeitoso com o
defunto: de mortuis nihil nisi bonum), aí é “meio muito”, é "um pouco demais".
O
tal herói nunca explicou direito porque Fidel Castro o chamava de “ratón”,
ou “ratoncito”, nem o que fez com os
milhões de dólares que o tirano lhe enviou para fazer “La Revolucion Brasileña”.
O
Rio de Janeiro até hoje sofre com os traficantes aterrorizando a Cidade
Maravilhosa, fortalecidos que foram pela desastrosa política de Brizola, quando
governou o Estado (em duas oportunidades) : “A polícia não sobe o morro!”.
O
jornalista Flávio Tavares, militante de esquerda, relatou, em detalhes, um diálogo dele com o seu aliado,
Neiva Moreira (todos exilados no Uruguay), sobre uma lista de pessoas que
deveriam ir para o “paredón” quando a
revolução de Brizola triunfasse. Sua atitude foi de apenas retirar da relação o
Ministro da Justiça do Presidente Castello Branco, o gaúcho Mem de Sá, que era
seu amigo; os outros poderiam ser fuzilados.
Os
seus “Clubes dos Onze”, células “revolucionárias” disseminadas em vários Estados
do País, tinham listas semelhantes de pessoas condenadas ao “paredón”. Esse político, que nem sequer os próprios
filhos suportavam, agora é um “Herói da Pátria”. Eis outra grave “pedalada” contra a História.
Bebeto
Ellery, O Indignado.
NOTA
DO EDITOR:
A
indignação do articulista é compreensível, e a sua manifestação é legítima
expressão da cidadania. Todavia, vale sempre lembrar que na democracia a caneta
do poder muda de mãos regularmente.
Sua
tinta é indelével perante a memória histórica, mas ela escreve sobre o palimpsesto
jurídico, que se pode sempre raspar e reescrever, ab-rogando e revertendo, no
futuro, os absurdos cometidos, quando melhor se fizer luz.
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