BESSAS E QUEIROZES
Boas Cepas Familiais
Vianney Mesquita*
Há sempre um altar para o amor e um caminhopara a ventura
terrena: a família. Infeliz do homem que foge desse altar e se extravia. (IGINO UGO TARCHETTI, poeta e
jornalista. YSan Salvatore Monserrato, 29.06.1939 – VMilão, 25.03.1869).
Pela
terceira vez, provo da leitura de Lembranças
da Vovó – vida de tanto tempo, exercício literobiográfico de mérito
incontroverso, escrito pela então nascente escritora Tereza Cristina Bessa Raupp,
natural de Beberibe-CE, pátria das supraditas linhagens – cuja avant première sucedeu em 2006, para
orgulhoso registo no proscênio beletrístico do Ceará.
Naquele
lance, expressei satisfação, em especial porque me admirei no sentido positivo
em relação ao escrito, o qual, ab initio
– antes de me internar na sua vista – me parecia um conjunto bem apropriado,
sob as vestes adequadas a um labor literário, todavia submetido aos lindes do
mero desfilar de fatos vinculados à vida fertílima de Dona Maria José de
Queiroz Bessa, a Vovó em causa, de quem a escritora Tereza Cristina procede, em
ordem segunda e linha vertical materna.
Ditoso
engano, pois, letras básicas de uma monografia de curso de pós-graduação em
senso estreito na Universidade Federal do Ceará e orientada por minha colega de
Departamento naquela Academia, Professora Doutora Fátima Araripe, cuida de
ensaio universitário arrimado em literatura recente de primeira ordem,
obediente aos pressupostos mandatórios da Metodologia da Ciência.
O
livro propôs-se cuidar de dois ramos auxiliares da Ciência Histórica – a
Biografia e a Genealogia – envolvendo, por meio da avita biografada, felpas de
grupos familiares grados da sociedade beberibense, como são os Bessas e os
Queirozes, partícipes do bem procedido esquisso histórico de Beberibe, que
adorna a obra.
Tereza
Cristina – filha de meu ex-professor Francisco Iran
Raupp, gaúcho, na antiga Escola Industrial de Fortaleza – penetrou fundo as
suas pertinentes fontes livrescas e vertentes primárias, de forma a legar aos
apreciadores do volume um apanhado de fatos recuperados do arisco e transitório
tempo, não se confinando apenas à benquerença e ao afeto no trato familiar de
seus parentes, em particular, da avó retratada.
Foi
além, todavia, dos limiares do seu grupo primário a fim de aportar à estrada
fertílima da História e da oralidade, cujas ocorrências dissertadas estão
sempre seguras por excelentes origens, selecionadas para sustentar
cientificamente o trabalho.
Não
sobram dúvidas de que estes representam fatos sobranceiros, como o de
comprazer-se ao desenhar a biografia de sua avó, conforme o é, também e
principalmente, o de fazer o compêndio absolutamente legível para todo o
continente literário, pois as ideias bem concatenadas, socializadas no livro,
têm validez transposta a contingência caseira, com vistas a concertar sua obra
com multiplicado valor.
Muito me conquista e torna
feliz a chance de ter o aprazimento de opinar acerca de Lembranças da Vovó – vida de tanto tempo, pois, além de ser
magnificente averbação de raízes familiares, é muito boa produção, sustentada
sobre as determinações do método, de crescido alcance, ao gosto dos
comentadores mais severos, não havendo, entretanto, severidade alguma que
retire o humo literário e o terriço histórico empregados pela autora para
compor esta interessante produção, originada com suporte na sua inteligência e
esteio no seu preparo.
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