COISAS IMPERFEITAS
Vianney Mesquita*
Grande vantagem é, para um sistema de Filosofia, ser
substancialmente verdadeiro. (GEORGE SANTAYANA. Madrid, Y16.12.1863 – VRoma, 26.09.1952).
Bertrando
(Artur Guilherme) Russel (1872-1970), notável eclético grão-britano e um dos
principais promotores da Ciência Logística, tinha por amigo e par, na busca de
pressupostos científicos, Luís José João Wittgenstein (1889-1951), celebríssimo
vienense que, junto a um pugilo de eruditos, perfilou na origem dos cálculos
não clássicos ao considerar as leis lógicas como tautologias.
O
primeiro, Nobel de Literatura de 1950, entreviu no autor de Tratactus logico-philosophicus – quando
o hospedou na casa nova em Londres – ligeiros sinais de perda da sensibilidade
auditiva (MONK, 1995, apud BARRETO;
MOREIRA, 1996).
Nós logo mergulhamos na Lógica
e tivemos grandes discussões. Ele tem enorme capacidade para enxergar quais
são, de fato, os problemas mais importantes [...] Somente sua saúde me parece
muito precária [...] Acho que está ficando surdo [...] (RUSSEL, apud MONK, 1995).
Para
Ray Monk (1995), não procede o vislumbre russerliano a respeito da
ensurdescência de Wittgenstein. Este, apenas, se recusava a ouvir, mormente os
conselhos sábios de Russel, o primeiro dos quais era de que Wittgenstein
deveria publicar, de imediato, suas ideias, mesmo sem haver resolvido todos
os problemas da Filosofia, o que jamais poderia ocorrer.
Certo
dia, Bertrando Russel lhe externou esta verdade.
Ele
teve um acesso ao ouvir isso [...] Eu lhe expliquei que não iria se formar nem
conseguiria lecionar se não aprendesse a escrever Coisas Imperfeitas – o que só
deixou mais furioso. (Apud MONK, 1995).
Na
lúcida afirmação daquele que fez dos universais um mundo tão real como o das
percepções, talvez os registos dos feitos não resultassem tão ricos, a marca
humana não se fizesse de tal modo indelével, se não se houvessem produzido
defeituosas peças, esposado falazes ideias nem delineado Coisas Imperfeitas.
Um
estádio do conhecimento, em que a reflexão sobre o real latente (Mundo 1)
daquele que idealiza, no instante da concepção de um juízo e com suas
circunstâncias históricas, Karl Popper denomina de Mundo 2.
Quando,
então, o resultado de um pensamento ou da indústria etnológica de cada um
assume forma de peça socializada, tecida em mensagem massivamente propagada,
passa a ter existência própria, como um produto objetivo e excogitado pelo
próprio ensaísta, sujeito, portanto, a uma análise crítica. Adquire, pois,
estatuto de componente do Mundo 3 popperiano, como Coisas Imperfeitas, suscetíveis
de revisões, adendos, concertos e
aperfeiçoamentos.
Sob
a luz das asserções de Russel e Carlos Raimundo Popper, Anchieta Barreto e Rui
Verlaine Moreira, em Coisas Imperfeitas,
trazem a estudo compreensões diversas acerca de Filosofia da Ciência. Suas
matérias consideram deva o tratamento pedagógico ter centro no estímulo à
recriação do conhecimento, além dos limites da simples cópia, o que é
absolutamente verdadeiro e divisado como meridianamente salutar.
Esses temas são indispensáveis para dotar da necessária
prontidão intelectual o leitor e estudioso que intenta se aprofundar nos
estudos e pretende continuar perlustrando os ínvios quanto nobilitantes
caminhos da investigação neste inesgotável terreno, onde sempre haverá Coisas Imperfeitas, ao se ter em conta o
constante fluir da reflexão filosófica e se considerar o caráter provisório do
fato científico (MESQUITA, 1996).
REFERÊNCIAS
BARRETO,
J.A. Esmeraldo; MOREIRA, Rui Verlaine Oliveira. Coisas Imperfeitas. Fortaleza: Casa de José de Alencar (UFC), 1996.
MESQUITA,
Vianney. Resgate de Ideias – Estudos
e Expressões Estéticas. Fortaleza: Casa de José de Alencar (UFC),
1996.
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