FILOSOFIA, EDUCAÇÃO, REALIDADE
Livro da FACED-UFC,
Lugar de Excelência Acadêmica
Vianney Mesquita*
A Filosofia cansa-se, contínua e eternamente, em busca do
absoluto, e é a poesia a única que o atinge. (CHRISTIAN FRIEDRICK HEBBEL. *Wesselburen,
18.03.1813- Viena, 13.12.1863).
O
ambiente da Academia é júbilo permanente; espetáculo movido pelo saber
perenemente reciclado; regozijo diuturno induzido pelas energias da
inteligência cotidianamente renovada no convívio contingente dos espaços
institucionais – aulas, laboratórios, reuniões formais e conversas de
corredores e cantinas. Tudo é ensejo para descobertas. Todas as ocorrências
servem à causa do saber e ao engrandecimento dos feitos humanos.
Só
posso, entretanto, me reportar à Universidade Federal do Ceará – U.F.C., a qual
conheço de sobejo, como aluno e docente. Estive da USP – Universidade de São
Paulo, é verdade, porém como estudante, e na UNIFOR, feito
técnico-administrativo, assessor do Reitor Prof. Dr. Antônio Colaço Martins.
É
assim nossa Academia, fundada em 1954, hoje somente adentrando os 62 anos,
pioneira do Ceará, eminência na produção científica no Brasil. Tenho, pois, de
asserir, entusiástica e ufanosamente – pois verdade insofreável – a distância
de sua qualidade em relação a diversas outras instituições universitárias do
Estado, as quais cresceram geometricamente, pelos próprios méritos – seja isso
expresso - mas, também, com o concurso de pesquisadores e docentes que na
U.F.C. se jubilam por período de serviço, indo para ditas IES, a fim de lhes
alargar as fileiras na tríplice e indissociável relação – pesquisa, extensão e
ensino.
A
U.F.C. foi, há algum tempo, alvo de políticas equívocas, provou o saibo amargo
da falta de recursos materiais, o que não foi suficiente para descaracterizá-la
como instituto competente e próspero, pois possui como anteparo seus recursos
humanos incessantemente reprocessados ex-vi
da infrene atividade
investigativa e dos relatos de seus resultados.
Em
particular, a Faculdade de Educação – FACED, que eu houve por bem escolher para
dar continuidade às minhas manifestações afetivas à Instituição – se exprime como
lugar de excelência, hajam vistas a extraordinária formação e o preparo
intelectivo de seus mestres e investigadores, os quais prontificam os quadros
de educadores profissionalmente idôneos, grande parte dos quais retorna à
Faculdade para desenvolver programas de mestrado e doutorado, consoante
aconteceu com a Professora Doutora Valéria Cassandra Oliveira
de Lima, móvel de matéria por
mim publicada no blog da Academia
Cearense de Literatura e Jornalismo, no dia 17 deste mês (janeiro-2016).
Com
o devido conhecimento de causa, assevero o fato de que os melhores trabalhos,
os que conferem mais prazer de emendar – quando há corrigendas a fazer,
naturalmente – são os textos da Faculdade de Educação, pela propriedade como os
autores emitem seus conceitos, em razão do vigor empregado nos atos de busca,
pela aplicação na demanda de hipóteses substitutivas das suposições falseadas e
em decorrência do fato de primarem pela singularidade e ineditismo dos seus
supostos.
Agora,
volto a ler Filosofia, Educação,
Realidade, com 28 escritos de primeira qualidade, em continente e teor,
décimo tomo da Coleção Diálogos
Intempestivos, tempestiva
invenção do Professor Doutor José Gerardo Vasconcelos, cuja inquietude - que o
faz, inclusive, ser divisado equivocadamente como brincalhão, descomprometido e
estroina - conduz seus orientandos de mestrado e doutorado a executarem peças
de inconcusso crédito acadêmico, partes das quais estão como recheios de (nada
menos) dez volumes do conjunto librário sob nota.
Dos
28 segmentos, procedi à releitura atenta, de sorte a poder, modestamente,
atestar a grandiloquência e o seu vulto intelectivo, pois tecidos em obediência
aos ditames metodológicos e pousados nos mais prestigiosos e acatados autores.
A maior parcela dos seus segmentos capitulares discrimina, didaticamente, a
reflexão doutrinária de consagrados filósofos, no que diz respeito às
vinculações estreitas do pensamento lógico e das Ciências da Educação no
panorama da realidade hoje experimentada.
A respeito desse conjunto de artigos, publiquei um capítulo do meu livro
Repertório
Transcrito – Notas Ativas e
Passivas (Sobral: Edições UVA, 2003, pp. 119-121), em texto
transversalmente diverso do que escrevo neste lance.
Por
pretexto de espaço, entretanto, haja vista a longa relação de quase duas
dezenas de capítulos, não procedo aqui a comentários de per se, porém evidencio, nesta demonstração global de autoria, os
nomes das Professoras Doutoras Maria do Socorro de Sousa Rodrigues e Kelma
Socorro Lopes de Matos, que me impressionaram sobremodo, aliás, conforme
sucedeu com os demais, pela propriedade da argumentação epistemológica em que
foram elaborados.
O
Organizador, Professor Dr. José Gerardo de Vasconcelos, exprime o fato de que a
seleção de capítulos não denota [...] de
forma alguma um somatório de vontades e verdades. É um campo minado pela
travessia de conceitos, percursos e processos de subjetivação. Encontro de
educadores, artistas, matemáticos, cientistas e filósofos unidos pela paixão da
pesquisa e distintos pela postura e condução de suas linguagens. Artífices do
conhecimento. O homem hoje é um animal afeito à produção conceitual inscrita na
vontade devoradora da paixão, pois, como afirmaria Nietzsche, em Assim
falou Zaratustra: A razão é apenas uma
víscera do coração.
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