terça-feira, 17 de julho de 2018

CRÔNICA - O Rescaldo da Copa (RV)


O RESCALDO DA COPA
Reginaldo Vasconcelos*


Tive esperança de que a Copa do Mundo de Futebol deste ano fosse decidida entre a Rússia e o Brasil, ou entre o Brasil e Portugal. Gosto da Rússia pela importância que ela tem nas artes e nas letras, um povo mais parecido com o brasileiro dentre outros da Europa. Portugal, uma pátria-irmã, uma das matrizes culturais desta Nação.

Porém, estando todos esses vencidos, desejei que a final fosse disputada entre a França e a Inglaterra, rivais históricos na escalada civilizatória da Europa. Não deu. Então, ao final torci pela Croácia, um país tão pequeno e tão sofrido pela longa história de instabilidade política e de violência ideológica.

Ademais, a Croácia tinha a seu favor a simpatia de sua bela presidente Kolinda Grabar-Kitarović, que torceu pela sua seleção sorridente, de mãos dadas com o presidente adversário. 

Depois, Kolinda desceu para a solenidade de premiação cheia de fair play, esbanjando resignação e alegria pelo merecido segundo lugar, abraçando afetuosamente todos os jogadores dos dois times, e beijando com humildade o troféu que o adversário conquistara.

Que diferença entre a presidente da Croácia e a nossa tosca ex-“presidenta”! Na condição de anfitriã, Dilma ficou trombuda com a derrota na Copa passada, somando a nossa vergonha no futebol ao vexame na diplomacia, pela falta de espírito de esportividade da nossa dignitária máxima.   

A França, por seu turno, não obstante a demonstração de acolhimento humanitário, com que vem exemplando positivamente a humanidade, do ponto de vista futebolístico, a meu ver, não fez bonito apresentando uma seleção nacional cheia de craques de origem estrangeira – aliás, cumprindo a sua tradição de arregimentar soldados do mundo todo numa legião de mercenários.  

Não. Não estou sendo racista, nem eugenista, nem xenófobo. Não me venham colocar sob a lupa sórdida do “politicamente correto”, que isso não me intimida. Aceito, no máximo, a pecha de “bairrista”, pois sou do tempo em que o time do Fortaleza era formado por moradores do Pici, como o do Ceará era de Parangabuçu, o do Ferroviário era da Barra...

Hoje, os clubes têm atletas de outros bairros, de outras cidades, de outras pátrias, o que retira do futebol a sua representatividade regional, o seu componente histórico – cada local fazendo a sua própria escola e guardando a sua maneira de jogar tradicional. Virou uma geleia-geral. 



O Brasil, sim, sempre esteve bem representado no futebol pela massa do seu povo – Pelé e Zagalo, Garrincha e Belline, Didi e Tostão – todos componentes das etnias que construíram a Nação, assim como os negros norte-americanos do basquete, entre os brancos cujos ascendentes mourejaram juntos na colonização, representam bem o seu país.



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