O RESCALDO DA
COPA
Reginaldo
Vasconcelos*
Tive esperança de que a Copa
do Mundo de Futebol deste ano fosse decidida entre a Rússia e o Brasil, ou
entre o Brasil e Portugal. Gosto da Rússia pela importância que ela tem nas
artes e nas letras, um povo mais parecido com o brasileiro dentre outros da Europa.
Portugal, uma pátria-irmã, uma das matrizes culturais desta Nação.
Porém, estando todos esses
vencidos, desejei que a final fosse disputada entre a França e a Inglaterra,
rivais históricos na escalada civilizatória da Europa. Não deu. Então, ao final
torci pela Croácia, um país tão pequeno e tão sofrido pela longa história de
instabilidade política e de violência ideológica.
Ademais, a Croácia tinha a seu favor a simpatia de
sua bela presidente Kolinda
Grabar-Kitarović, que torceu pela sua seleção sorridente, de mãos dadas com o
presidente adversário.
Depois,
Kolinda desceu para a solenidade de premiação cheia de fair play, esbanjando
resignação e alegria pelo merecido segundo lugar, abraçando afetuosamente todos
os jogadores dos dois times, e beijando com humildade o troféu que o adversário
conquistara.
Que diferença
entre a presidente da Croácia e a nossa tosca ex-“presidenta”! Na condição de
anfitriã, Dilma ficou trombuda com a derrota na Copa passada, somando a nossa
vergonha no futebol ao vexame na diplomacia, pela falta de espírito de
esportividade da nossa dignitária máxima.
A França, por
seu turno, não obstante a demonstração de acolhimento humanitário, com que vem
exemplando positivamente a humanidade, do ponto de vista futebolístico, a meu
ver, não fez bonito apresentando uma seleção nacional cheia de craques de
origem estrangeira – aliás, cumprindo a sua tradição de arregimentar soldados
do mundo todo numa legião de mercenários.
Não. Não
estou sendo racista, nem eugenista, nem xenófobo. Não me venham colocar sob a
lupa sórdida do “politicamente correto”, que isso não me intimida. Aceito, no
máximo, a pecha de “bairrista”, pois sou do tempo em que o time do Fortaleza
era formado por moradores do Pici, como o do Ceará era de Parangabuçu, o do
Ferroviário era da Barra...
Hoje, os
clubes têm atletas de outros bairros, de outras cidades, de outras pátrias, o
que retira do futebol a sua representatividade regional, o seu componente
histórico – cada local fazendo a sua própria escola e guardando a sua
maneira de jogar tradicional. Virou uma geleia-geral.
O Brasil,
sim, sempre esteve bem representado no futebol pela massa do seu povo – Pelé e
Zagalo, Garrincha e Belline, Didi e Tostão – todos componentes das etnias que
construíram a Nação, assim como os negros norte-americanos do basquete, entre
os brancos cujos ascendentes mourejaram juntos na colonização, representam bem
o seu país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário