A VOLTA DOS
QUE NÃO FORAM
Reginaldo Vasconcelos*
Brasil já vai à guerra / comprou um porta
aviões / um viva pra Inglaterra / de oitenta e dois bilhões / mas que ladrões! (Juca Chaves)
Em
1960, o Governo Kubitschek resolveu adquirir, pelo equivalente a nove
milhões de dólares, o porta-aviões inglês Vengeanse, construído para a 2ª
Grande Guerra, que entre nós recebeu o pomposo nome de Navio-Aeródromo Ligeiro (NAeL) Minas Gerais (A-11).
A estrofe da modinha “Brasil Já Vai à Guerra”, citada à epígrafe, do irônico
compositor Juca Chaves, gravada naquela época, merece agora a paráfrase abaixo:
“Brasil já vai às urnas, pagamos a eleição, um
viva pro Congresso de quase dois bilhões, mas que ladrões”.
Sim,
somos uma democracia. Vamos “escolher” os menos piores, entre os “cândidos”
concorrentes que nos serão impostos pelos partidos políticos brasileiros, os
quais, como todos nós sabemos, em sua grande maioria não passam de feudos políticos, de grupos de
interesses, alguns até considerados “organizações criminosas”.
Para
tanto, o Parlamento Brasileiro aprovou uma verba vultosa (nada menos que 1,7
bilhão de reais), grande parte dela vinda dos tributos arrancados do suor dos
brasileiros, para custear as mentiras eleitorais dos candidatos que pretendem
se reeleger aos mesmos cargos, ou a cargos maiores.
Bastaria
ao eleitor que fossem divulgadas amplamente a vida pregressa, as credenciais
sociopolíticas, e as bandeiras administrativas defendidas por cada candidato,
bem como impor debates entre os pretendentes a cargos majoritários, sem a
mínima necessidade de se promover um derramamento de verbas públicas em comícios
e em propaganda eleitoral, que somente servem para encantar e iludir o
eleitorado.
Querem
permanecer no Legislativo e no Executivo, onde possam manter gordos proventos,
dezenas de assessores e demais mordomias, quando são os mesmos que não
demonstraram a minha competência político-administrativa para conduzir de forma
honesta e eficiente os destinos da Nação – bem como dos Estados, as Unidades da
Federação que a compõem. Os que foram, e que não mereceram ter ido, querem voltar com caras novas.
Muito
poucos deles têm verdadeiro espírito público, quase todos destituídos de
patriotismo, uma parte composta de ideólogos desvairados, tentando vender um
onírico céu de bonanças sociais em troca do poder absoluto, a outra parte de notórios
fisiológicos, que só almejam o seu enriquecimento próprio, locupletando-se
contra o erário.
Eu,
de minha parte, não vislumbro no horizonte eleitoral os candidatos ideais, pessoas equilibradas e
maduras, de passado ilibado, estadistas dignos e intelectualmente preparados para as mais elevadas
funções estatais.
Todavia,
sem dar atenção às mentiras da propaganda obrigatória, muito menos às fake news da Internet, vou fazer um acurado
exercício de escrutínio mental para distinguir aqueles que pelo menos demonstrem as
melhores intenções e ostentem inquestionável probidade, que jamais se tenham envolvido com governos corruptos e desastrados, e que prometam pulso
forte contra a crise ética que temos vivido, bem como respeito à liturgia de
seus cargos, visando garantir a paz social e restaurar a autoridade e a moral
públicas nacionais.
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