sábado, 7 de julho de 2018

ARTIGO - A Bandeira Correta (RV)


A BANDEIRA CORRETA
Reginaldo Vasconcelos*



Não gosto de ratos, até porque deploro todos os invasores da propriedade em geral – e esse animal vem incomodando a humanidade há milênios, desde quando abandonou o seu habitat natural para se locupletar da sociedade. Muito menos simpatizo com um radialista com esse nome – “Ratinho” – guindado a apresentador de programa de TV, condição em que encarna um palhaço disfarçado de pessoa comum, quando o clawn tradicional é uma pessoa comum, na fantasia de bufão.

Mas tenho que tirar o chapéu para a coragem que ele teve ao gravar e divulgar pronunciamento sobre a Copa de Futebol, com muita proficiência, antes do time da nossa seleção ser derrotado. Ele tem razão naquilo que denunciou naquele vídeo, no sentido de que precisamos trabalhar, e nos concentrar nas eleições que se avizinham, em vez de gastar o nosso ufanismo e a nossa energia em busca de glórias pífias e de inócuas vitórias.   

Na mesma linha do seu depoimento, digo que saímos da Copa porque os meninos brasileiros se postaram em campo com o mesmo desalento que atinge o nosso povo brasileiro atualmente, sem o necessário elã, sem qualquer afã, sem a devida confiança nas cores da bandeira, reflexo da situação política e social desta Nação.

A conclusão é de que não merecemos mesmo vencer campeonato mundial de futebol quando o País está falido e acéfalo, em que o Presidente da República, os integrantes do Congresso, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, qualquer um deles não pode se expor em praça pública sem ser alvo de vaia e de ovos podres.

Todos postos lá a partir do beneplácito dos ingênuos, que vêm acreditando nos discurso daqueles que jogam milho aos pombos com a bondosa mão esquerda, para granjear paixão e votos, enquanto com a outra mão se locupletam do erário e contra o povo.

O certame futebolístico transcorrendo na Rússia enquanto no Brasil Presidentes e Ministros do Governo Brasileiro estão sendo investigados, presos  e afastados do poder, alcançados pelo Parquê e pela banda sã do nosso Poder Judiciário.

Ao mesmo tempo, outros pró-homens da República, já condenados, são indevidamente liberados pela banda podre da Justiça, que age com a maior desfaçatez, sem dar a mínima importância aos princípios juridicos universais da suspeição e do impedimento – cometendo improbidades de que eles mesmos, mutuamente, se acusam.

Enquanto isso, as facções criminosas prosperam nos presídios e nas ruas do País, barbarizando a sociedade, explodindo Bancos, jogando com mais afinco do que demonstrou a seleção da Bélgica em campo russo, e as autoridades policiais brasileiras vêm à público aconselhar o povo a não se armar, a se conformar, a não reagir contra os assaltos.

Ora, desse modo o Poder Público se declara derrotado e faz o discurso de interesse dos bandidos, em favor dos quais militam ainda uma legislação penal leniente, uma Justiça lenta, um sistema prisional caótico, os tais juízes “garantistas”, os defensores dos “direitos humanos”.

Esses obtusos protetores da incolumidade dos justos através da covardia, pregando a sua absoluta capitulação – “entreguem os bens, sejam bonzinhos, desocupem suas casas, ofereçam uma filha, deixem-se estuprar se for o caso” – não lembram eles que os delinquentes ouvem essas mensagens de rendição da cidadania, se regozijam e refestelam.

Sim, ouvindo na mídia esses apelos por passividade absoluta os bandidos ficam cada vez mais empoderados, ousados, violentos. Esses que preconizam a inação cidadã diante do crime não consideram que a honra da pessoa de bem vale muito mais que a própria vida – e a honra de um povo está na defesa de seus direitos – não está no futebol.

Como acertar os passes, e assestar chutes a gol com a necessária pontaria, quando se representa na camisa as maiorias que pagam impostos escorchantes e depois custeiam do próprio bolso a sua saúde, a educação dos filhos, e segurança da família?

Não há de como fazer dribles mágicos contra gigantes estrangeiros quando se simboliza a pátria das milícias, das facções, das “orcrim” engravatadas, das ONGs desonestas, de sindicatos financistas – que é o mesmo torrão dos miseráveis favelados, dos que morrem nos corredores dos hospitais, dos que infestam as cidades catando lixo pelas ruas para nutrir suas famílias.

Não dá. Não deu. O País está enfiado em crise moral, administrativa e econômica por causa da incúria de seu povo – eleitores e eleitos – a própria Fifa envolta em escândalos financeiros, com ex-dirigentes presos, estádios que custaram o dobro aos cofres públicos, Brasil sede de jogos por propina... Não dá mesmo para vencer uma Copa do Mundo desse jeito.   

Guardem a bola, pendurem as chuteiras e desfraldem as bandeiras corretas para as próximas eleições, focando no dístico maravilhoso que o auriverde e alvianilar “pendão da esperança” ostenta ao centro – “Ordem e Progresso”.


Elejamos quem quebre a escrita de desmandos que vem sendo gizada nos últimos vinte anos no Brasil, e honremos a democracia, dotando o País de governantes de pulso, sem nenhum vinculo com o passado e com esse presente vergonhosos, e que sejam marcados por elevadas honradez e autoridade. E só então, bola pra frente!


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