A BANDEIRA CORRETA
Reginaldo Vasconcelos*
Não
gosto de ratos, até porque deploro todos os invasores da propriedade em
geral – e esse animal vem incomodando a humanidade há milênios, desde quando
abandonou o seu habitat natural para se locupletar da sociedade. Muito
menos simpatizo com um radialista com esse nome – “Ratinho” – guindado a
apresentador de programa de TV, condição em que encarna um palhaço disfarçado
de pessoa comum, quando o clawn tradicional é uma pessoa comum, na
fantasia de bufão.
Mas
tenho que tirar o chapéu para a coragem que ele teve ao gravar e divulgar
pronunciamento sobre a Copa de Futebol, com muita proficiência, antes do time
da nossa seleção ser derrotado. Ele
tem razão naquilo que denunciou naquele vídeo, no sentido de que precisamos
trabalhar, e nos concentrar nas eleições que se avizinham, em vez de gastar o
nosso ufanismo e a nossa energia em busca de glórias pífias e de inócuas vitórias.
Na
mesma linha do seu depoimento, digo que saímos da Copa porque os meninos
brasileiros se postaram em campo com o mesmo desalento que atinge o nosso povo
brasileiro atualmente, sem o necessário elã, sem qualquer afã, sem a devida
confiança nas cores da bandeira, reflexo da situação política e social desta
Nação.
A
conclusão é de que não merecemos mesmo vencer campeonato mundial de futebol
quando o País está falido e acéfalo, em que o Presidente da República, os
integrantes do Congresso, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, qualquer um
deles não pode se expor em praça pública sem ser alvo de vaia e de ovos podres.
Todos
postos lá a partir do beneplácito dos ingênuos, que vêm acreditando nos discurso
daqueles que jogam milho aos pombos com a bondosa mão esquerda, para granjear
paixão e votos, enquanto com a outra mão se locupletam do erário e contra o
povo.
O
certame futebolístico transcorrendo na Rússia enquanto no Brasil Presidentes e Ministros
do Governo Brasileiro estão sendo investigados, presos e afastados do poder,
alcançados pelo Parquê e pela banda sã do nosso Poder Judiciário.
Ao
mesmo tempo, outros pró-homens da República, já condenados, são indevidamente
liberados pela banda podre da Justiça, que age com a maior desfaçatez, sem dar
a mínima importância aos princípios juridicos universais da suspeição e do impedimento – cometendo
improbidades de que eles mesmos, mutuamente, se acusam.
Enquanto
isso, as facções criminosas prosperam nos presídios e nas ruas do País, barbarizando a sociedade, explodindo Bancos, jogando
com mais afinco do que demonstrou a seleção da Bélgica em campo russo, e as
autoridades policiais brasileiras vêm à público aconselhar o povo a não se
armar, a se conformar, a não reagir contra os assaltos.
Ora,
desse modo o Poder Público se declara derrotado e faz o discurso de interesse
dos bandidos, em favor dos quais militam ainda uma legislação penal leniente, uma Justiça lenta, um
sistema prisional caótico, os tais juízes “garantistas”, os defensores dos “direitos
humanos”.
Esses
obtusos protetores da incolumidade dos justos através da covardia, pregando a
sua absoluta capitulação – “entreguem os
bens, sejam bonzinhos, desocupem suas casas, ofereçam uma filha, deixem-se
estuprar se for o caso” – não lembram eles que os delinquentes ouvem essas
mensagens de rendição da cidadania, se regozijam e refestelam.
Sim,
ouvindo na mídia esses apelos por passividade absoluta os bandidos ficam cada
vez mais empoderados, ousados, violentos. Esses que preconizam a inação cidadã
diante do crime não consideram que a honra da pessoa de bem vale muito mais
que a própria vida – e a honra de um povo está na defesa de seus direitos – não
está no futebol.
Como
acertar os passes, e assestar chutes a gol com a necessária pontaria, quando se
representa na camisa as maiorias que pagam impostos escorchantes e depois custeiam do
próprio bolso a sua saúde, a educação dos filhos, e segurança da família?
Não
há de como fazer dribles mágicos contra gigantes estrangeiros quando se simboliza a
pátria das milícias, das facções, das “orcrim” engravatadas, das ONGs
desonestas, de sindicatos financistas – que é o mesmo torrão dos miseráveis favelados, dos que morrem nos
corredores dos hospitais, dos que infestam as cidades catando lixo pelas ruas
para nutrir suas famílias.
Não
dá. Não deu. O País está enfiado em crise moral, administrativa e econômica por causa da incúria de seu povo – eleitores e eleitos – a própria Fifa envolta
em escândalos financeiros, com ex-dirigentes presos, estádios que custaram o
dobro aos cofres públicos, Brasil sede de jogos por propina... Não dá mesmo para vencer uma Copa do Mundo desse jeito.
Guardem
a bola, pendurem as chuteiras e desfraldem as bandeiras corretas para as próximas
eleições, focando no dístico maravilhoso que o auriverde e alvianilar “pendão da
esperança” ostenta ao centro – “Ordem e Progresso”.
Elejamos
quem quebre a escrita de desmandos que vem sendo gizada nos últimos vinte anos no Brasil,
e honremos a democracia, dotando o País de governantes de pulso, sem nenhum vinculo com o passado e com esse presente vergonhosos, e que sejam marcados por elevadas honradez e autoridade. E só então, bola pra frente!
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