A VERDADE TARDA,
MAS NÃO FALHA
Cássio Borges*
Participei,
nos dias 20 e 21/6, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec),
do 2º Seminário ÁGUA INNOVATION, no qual ouvi palestras abordando temas
relacionados às soluções para a problemática hídrica do nosso estado.
É
mais do que evidente, e já venho dizendo isso há décadas, que não se pode
pensar em fazer gestão dos recursos hídricos se não houver plena e total convicção
da real disponibilidade de água do nosso Estado, onde o Açude Castanhão é a sua
principal fonte de abastecimento para fins agrícolas, industriais, humanos e
animais.
A
principal conclusão que tirei desse seminário foi verificar que, finalmente, a
vazão regularizada do Açude Castanhão
está sendo reconhecida como sendo de 10
m³/s, em vez de 30 m³/s, conforme questionamentos que venho fazendo desde o ano
de 1985, quando a referida obra surgiu no cenário cearense, proposta pelo
extinto Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS) que tinha sua sede
no Rio de Janeiro.
Esse
erro, que perdurou durante todo esse tempo, portanto 33 anos, decorreu do fato
de os projetistas, à época, terem tomado o índice evaporimétrico como sendo de
1.700 milímetros, em vez dos 2.500 milímetros citados nos estudos hidrológicos
elaborados pelo professor Theophilo Ottoni, em parecer solicitado pela Superintendência
Estadual do Meio Ambiente (Semace), em outubro de 1992.
A
esse respeito, eu me questionava: “Como se pode fazer a gestão dos recursos
hídricos no Estado do Ceará, se não se conhece a vazão regularizada do seu
principal reservatório, o Açude Castanhão”?
O
que acima foi dito é pouco para caracterizar e definir os inconcebíveis erros de
engenharia que foram cometidos no
projeto da Barragem do Castanhão – não
só pela sua proximidade do mar (RN 50m), portanto fora da área problemática do
Estado, como pelo seu exagerado volume d’água, de 6,7 bilhões de m³.
É
lamentável que se tenha desprezado o excelente planejamento do Departamento
Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) para o vale do Rio Jaguaribe, um total
desrespeito à tradição e ao conceito desse Órgão, em toda a região Nordestina.
Aos
poucos, os erros estão sendo reconhecidos, os quais foram cometidos por falta
de conhecimento da Ciência Hidrológica e da realidade do nosso semiárido, por
parte da instituição que o concebeu, como acima disse, o extinto DNOS. Não se deve desprezar a História, pois só
assim aprendemos com os bem-sucedidos acertos e com os erros do passado.
Em
outubro do ano anterior, participei de um seminário, em âmbito nacional, na
cidade de Itajubá-MG, no qual também esteve presente a elite dos técnicos que
lidam, atualmente, com a questão dos recursos hídricos no nosso País, como a
Agência Nacional de Águas (Ana), a Codefasf, o Dnocs, Universidades, entre
outras entidades do gênero.
Uma
das conclusões daquele encontro foi a seguinte: “Nas regiões do semiárido brasileiro, que o Dnocs passe a ter a
relevância que teve no passado na gestão dos recursos hídricos”.
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