CRÔNICA - Sono (ES)

SONO

Edmar Santos*

De não querer mais nada, cansada, a mente pediu descanso. E assim foi.

O corpo deitou; os músculos distenderam-se em alongamentos despretensiosos. De sossego, a posição fetal era a que se repetia toda vez, como querendo voltar ao ventre materno. Saudade inconsciente do mundo só.

Olhos fecham como janela de persianas que trazem a escuridão desejada; como em sala de cinema antes de iniciar o filme. Luzes em feixes.

Sonhos... imagens lembradas, relembradas e não lembradas. Distorcidas, repetidas, mescladas, inéditas. Felizes deformações de sentido, sentido nenhum; tristes cenas, que cenas... pesadelo.

A vida de fora, no mundo, homogeneizada com a vida de dentro do crânio, mente doida, lúcida; torpor quase sono, quase acordado. Histórias, estórias de uma vida inteira, do agora. Futuro, predição, amanhã imaginado.

Vigília, vida da consciência; sono vida do espírito. A mente é a casa de ambos! Todos para entender; mistérios, decifrações, real e imaginário. Sentido da vida; de qual delas?

O sono acaba deixando a última cena em suspense; continuará no próximo episódio, é uma série. No entanto, não se pode assistir ininterruptamente. Olhos abrem, luzes acesas. Despertar.

COMENTÁRIOS

Perfeito! Esse usa as palavras para narrar o inenarrável! Grande escritor.

Cal Cavalcante

“A mente é casa de ambos”! Se desmente, deixo no relento... se comente, te trago mais pra perto!!! (entendedores).

Mais uma das suas excelentes oportunidades de nos permitir viajar no âmago da intelectualidade;

Juliana Mendonça

A vida, infelizmente, é feita de ilusões e desilusões, como a nossa mente fosse um ambiente público, com o grande fluxo de gente entrando e saindo.

Os sonhos e pesadelos, eventos que espelham a realidade que vivemos, às vezes nos atormentam, outras vezes nos alimentam de esperança.

Um forte abraço meu amigo, acredite no melhor que você tem, acredite em você.

Lino Mendes