EXPURGO
Akemi Ito*
Que saia de mim essa
saudade
Que me invade
Deixando um gosto de
aspirina derretida.
Que saia de mim o
toque teu
Que arrefeceu
Meu corpo quente,
despido e suado
De cheiro doce e
sabor almiscarado.
Que saia de mim essa
vontade
De beber pela Cidade
Cantando A Palo Seco
E pensando obscenidades
se te beijo.
Expurgue de mim a
falsa decência
Que esconde essa
carência
De querer-te sempre
aqui.
Afasta de mim todo o
desejo
De dizer sem nenhum
pejo
Que te amo por amar.
Tira de mim a poesia
Que martela noite e
dia
Sua vontade de voar
E que usa meus dedos
pra melhor se expressar.
Então...
Traz pra mim a
melancolia
A tarde de domingo
O véu negro da viúva
O desespero da
mulher abandonada
A dor do
enfermo... Assim não direi mais nada!
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