DESERTO
Reginaldo Vasconcelos*
Não gosto do que
ouço,
Não gosto do que sei,
Não gosto do que
sinto,
Do que gostava de
sentir.
Não gosto.
Não gosto do que é
fogo,
Não gosto do que é
fumo,
Não gosto do que é
lama
Onde tudo era jardim.
Não gosto.
Não gosto do que é fake,
Não gosto do que é fake,
Não gosto do que é
falso,
Não gosto do que é
fato
Onde tudo era tão lúcido.
Onde tudo era tão lúcido.
Não gosto.
Não gosto do que é punk,
Não gosto do que é tétrico
Onde tudo fora
sóbrio.
Não gosto.
Não gosto do que é feio,
Não gosto do que é farto,
Não gosto do grotesco
Onde tudo era galante.
Não gosto.
Não gosto do que é cínico,
Não gosto do que é sórdido,
Não gosto do que é mórbido
Onde tudo florescia.
Não gosto.
Que seja preferível sempre a aridez do deserto, o nada. Sim, preferível; do que todo fenômeno que nos prive da beleza, das cores, do vívido, do sincero, da natureza, do sentir sem ser.
ResponderExcluirParabéns!