HENFIL E JAGUAR
Totonho Laprovitera*
Totonho Laprovitera*
Em João Pessoa, fui convidado para ir a um barzinho onde estavam
duas personalidades: Henfil e Jaguar, cartunistas do Pasquim. Henfil, naquele
tempo, morava em Natal por conta de um autoexílio, como ele mesmo propagava.
Jaguar havia visitado o amigo, de onde seguiram juntos para a capital paraibana
por conta de um evento sobre imprensa nanica.
À mesa, acompanhavam a dupla: eu e Wiron, com Lúcia e Nelci,
professoras do curso de arquitetura da universidade local. Chamava atenção,
porém, uma figura da cidade que passava o tempo todo bajulando os cartunistas.
Foi quando se aproximou da gente, procurando falar com o Jaguar, um senhor
franzino, de cor negra e de jeito humilde, logo barrado pelo bajulador:
– Ô cidadão, pelo amor de Deus, faça o favor de não nos
incomodar...
– Mas não quero importunar ninguém...
– Faça o favor, faça o favor... – gesticulando.
Jaguar levantou-se e, educadamente, colocou-se à disposição do humilde senhor, estendendo-lhe a mão.
– Jaguar, deixe-me me apresentar. Sou fulano de tal, repórter da revista Manchete, e estou aqui para cobrir o evento de amanhã que vocês irão participar.
O puxa-saco calou e limitou-se a observar a cena. A partir
dali, Jaguar dando toda a atenção e conversando demoradamente com o senhor,
repórter da Manchete. Henfil, à parte, não parava um instante sequer de falar,
não notando nem o acontecimento que agora conto.
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