terça-feira, 1 de outubro de 2019

ARTIGO - João Teixeira Júnior (VM)



JOÃO TEIXEIRA JUNIOR
ILUSTRADO ENGENHEIRO
PALMACIANO
Vianney Mesquita*



A humanidade pronuncia um discurso interminável do qual cada homem ilustre é uma ideia. (Alfred Victor DE VIGNY. Loches, 27.03.1757; Paris, 17.09.1863).



Expresso com redobrado contentamento o fato de que, dos meus conterrâneos atuantes, sem contar com seus sete irmãos (cinco mulheres) e meus onze (duas), o engenheiro-civil competente e empresário bem-sucedido João Teixeira Junior, seguramente, é o mais ilustrado.

Hoje mantendo com ele vinculações mais remotas, em razão de circunstâncias diversas – trabalho, família, atuação cultural e científica de ambas as partes – porém sem perder os liames de amizade bem transitada, ainda conservo essa afeição quase fraterna e consistente, constituída na então relativamente atrasada, mas bucólica e ingênua, Palmácia dos anos de 1950/1960.

Ali, sob a larga e sombrosa umbela dos nossos genitores Maria Giselda Coelho Teixeira - João Teixeira Filho e Maria de Lourdes Campos de Mesquita - Vicente Pinto de Mesquita, vivemos uma meninice garrida e venturosa, durante a qual, evidentemente, naquelas circunstâncias de brincadeiras constantes e despreocupações relativamente aos vires-a-ser de cada um, não atinávamos para um imenso rol de embaraços enfrentados pelos dois casais no que concerne a uma criação decente.

Essa transmissão educacional se assentava nos devidos cuidados para com o futuro, na moral e na responsabilidade, pelejando para conservar uma higidez completa (a despeito de sarampos, coqueluches, tísicas e outras mazelas em curso naqueles tempos escassos), e em tantas outras inquietações paternais dos mais diversos aspectos da educação civil, a fim de que os filhos tomassem bom rumo e se aprestassem aos procederes de urbanidade, esperados das duas constituições familiais, então consideradas modelares pelos habitantes dos bairros da Vila Campos (Mesquitas) e do Sítio São José (Teixeiras), e que viviam  em diuturna interação.

Impõe-se acrescentar, para alimentar um pouco essa rapidíssima e incompleta história, que o grupo familiar Coelho Teixeira, constante e sucessivamente, tinha o hábito de acolher primos, sobrinhos, irmãos, cunhados e aparentados dos dois cônjuges, em feriados, férias e, às vezes, até, para morar, de modo que chegaram a residir no “São José”, por exemplo, o Marco Antônio, o Tarcísio e o Benedito – dos que me lembro – de sorte que a amizade doméstica foi bastante benéfica em um futuro meio turvo que assentou à família, conforme cuido, ligeiro, em referência mais à frente.

Eram as duas sucessões, de extensão pronunciada demais para hoje – oito e doze filhos – no entanto, havidas como ocorrência normal naqueles tempos sem “media frias” (no dizer de McLuhan), nem internet, desprovidas de redes sociais, tampouco (felizmente) de fakes etc, apelando-se para as novelas de rádio, como a do Jerônimo, o herói do sertão, de Moysés Weltman, ouvidas na Rádio Jornal do Comércio (Recife), porquanto, à noite, não se “pegava” em Palmácia as duas emissoras de Fortaleza (Rádio Iracema e PRE-9).

Conforme sucedeu com o meu grupo familiar, que veio morar em Fortaleza em 2 de agosto de 1960, os meninos do João Teixeira - Prof.a Giselda fizeram as primeiras letras na própria cidade natal e alguns parte do Ginasial (de então).

Eis que um rude infortúnio pairou sobre a Família, com a moléstia lenta, mas progressiva e fatal, do patriarca, o industrial e produtor rural João Teixeira Filho, genitor do engenheiro civil sob comento, há 45 anos, Teixeira Junior, de quem trato nestas linhas.

Então, no curso dessa terrível manifestação patológica, denominada esclerose amiotrófica múltipla, que conduziu a óbito seu portador em 17 de outubro de 1970, redobrou o trabalho da Prof.a. Giselda, e o Teixeira Júnior teve de, mesmo ainda muito novo, cuidar dos negócios de que tratava o pai – principalmente ligados à indústria e agricultura nas terras do “São José” – fabricação da aguardente Iracema e de outras marcas, de farinha, serraria etc.

Quando do passamento do pai, o Teixeira Junior já estava na Escola de Engenharia, da Universidade Federal do Ceará, ainda no Benfica, como aluno (tirante lapso) dos irmãos Gondim Pamplona – César Nildo, José Helito e Afrodísio Durval, de quem fui aluno (exceto de José Helito) na Escola Técnica Federal – Curso de Edificações. Preparara-se para o difícil e concorrido exame vestibular, primeiramente, no Colégio Santo Inácio – dos Jesuítas – e, mais intensivamente, no Colégio Cearense, dos Irmãos Maristas.

Antes de adentrar a atividade agrícola, com a produção de frutas – do que se ocupa ainda hoje – militou na área da Engenharia Civil, com a máxima competência e desvelo, tendo montado uma empresa própria de construção, oportunidade em que executou projetos e desenvolveu edificações, entre outros, para o Banco do Nordeste e Caixa Econômica Federal.

Seu êxito empresarial, evidentemente, não foi fácil, pois teve de “passar por cima” de outros problemas muito graves, da dimensão da moléstia de seu pai (como o óbito de sua primeira mulher, Liana) e das dificuldades pelas quais transitaram sua Mãe e seus irmãos, estes na passagem da infância para a juventude e adultícia, morando em casas de parentes, até se reunirem em residência em Fortaleza.

O fato é que, por fim, seus sete irmãos, três dos quais engenheiros – a igual do que ocorreu com nós doze, os Mesquitas, incluindo diplomas stricto sensu nos dois grupos – graduaram-se em cursos superiores, em ofícios de alteada relevância, fato denotativo de vitória final brilhante, após atropelarem vigorosamente os desencantos propiciados pelos reveses, a que não se curvaram, muitos dos quais não referidos neste artigo, comprovando o brocardo latino segundo o qual flexo, sed non frango = envergo, mas não me quebro.

Peço escusas ao prezado leitor pelas notas esparsas expressas nessas linhas, pois o acompanhamento desse enredo foi observado de longe, sem uma aproximação mais efetiva com a família, até porque meu grupamento, também, enfrentou enigmas semelhantes.

Ao cabo dessas velozes e inacabadas notações, cumpre-me exprimir o fato de que o engenheiro João Teixeira Junior, que ora perfaz quarenta e cinco anos de formado pela Alma Mater da maioria dos cearenses – a celebrada mundialmente Universidade Federal do Ceará – continua pessoa das mais distintas, educado, fino, de conversação agradável e substanciosa, no que diz respeito à extensibilidade de suas opiniões.

Nas rapidíssimas conversações que temos mantido, nomeadamente por telefone ou antes e durante as sessões da Arcádia Nova Palmaciana, onde habita uma das cátedras de imortal como o árcade Juan Bóreas, quando não comunga de um conceito ou é contraditado em conjecturas de seu arbítrio, mesmo no terreno temático onde atua e domina – a cultura e comercialização da banana, por exemplo – ele se reserva ao silêncio ou emite simpatia por meio do riso.

Sem dúvida, esta educação, oriunda do berço, recebeu complementos de seu pai-mãe, desde a primeira infância estudada por Jean Piaget, passando pela juventude, até a maturidade, comportamento ainda a pleno emprego na proximidade de perfazer 70 anos de idade, o que vai ocorrer (isto é uma glória!) em fevereiro de 2020.

Neste ensejo, muito me apraz direcionar parabéns aos engenheiros civis que completaram 45 anos de graduados – o Jubileu de Rubi – pela décima nona mais importante Academia da América Latina e do Caribe – Universidade Federal do Ceará – conforme a revista britânica THE – Times Higher Education.


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