sexta-feira, 11 de outubro de 2019

ARTIGO - O Ceará e as Reformas (AS)



O CEARÁ E AS REFORMAS
Arnaldo Santos*



Nas modernas democracias do mundo as instituições políticas e judiciárias exercem preponderante papel na mediação dos conflitos, sejam eles de qualquer natureza, especialmente quando institucionais, políticos, econômicos e sociais.

Depois de algumas dissensões, que quase resultaram em confronto com o Palácio do Planalto, vários dos Ministros do Governo, a Câmara dos Deputados e o Senado construíram uma pauta conjunta para aprovação das reformas constitucionais, com alavanca para reposicionar o País, criando as condições para enfrentar os desafios da estagnação econômica e do dramático índice de desemprego.

Examinando a pauta do Congresso Nacional vislumbra-se que nos curto e médio prazos as três principais reformas reclamadas pela sociedade brasileira logo estarão concluídas para implementação pelo Governo Federal.

A primeira delas será a reforma da previdência, cuja segunda votação pelo Senado ocorrerá até o final de outubro. Pelo texto original, Estados e municípios ficaram de fora. A inclusão das unidades subnacionais dar-se-á através de uma Pec Paralela apresentada pelo relator, Senador Tasso Jereissati (PSDB/Ce), que será votada em separado.

A propósito, qualquer que seja a reforma que emergirá do Congresso, com ou sem a inclusão de Estados e municípios, o governador Camilo Santana já tem sobre sua mesa os estudos com todos os cálculos e simulações, referentes aos rebatimentos que a reforma provocará sobre as receitas do Estado.

Os cálculos e as análises foram feitos pelos pesquisadores integrantes do Observatório do Federalismo Brasileiro (OFB), órgão de estudos e análise político-econômica vinculado à Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag).

Igualmente importante, a proposta de reforma tributária (pelo esforço dos deputados federais, com substantiva contribuição do Deputado Mauro Filho), já tramita nas comissões técnicas da Câmara Federal para que a votação em plenário possa se efetivar até o final do ano, para que o País inicie o ano de 2020 balizado por um novo modelo tributário, sem aumento de impostos, menos concentrador em termos de arrecadação, e melhor distribuído entre as unidades subnacionais.

Uma outra reforma de fundamental importância econômica para Estados e municípios, com maior significância para as Regiões Norte e Nordeste, é o pacto federativo, cujo primeiro passo foi dado pelo Senado no último dia 03 de outubro, com à aprovação por unanimidade da “Pec da cessão onerosa”, cujo relator foi o senador Cid Gomes (PDT/Ce).

As três reformas terão significativa repercussão financeira positiva nas receitas dos Estados e municípios brasileiros, particularmente no Ceará, um dos únicos quatro Estados fiscalmente equilibrados na atual conjuntura econômica do País.

Para que o novo pacto federativo produza os resultados esperados será preciso devolver às unidades subnacionais as prerrogativas para legislar sobre matérias financeiras (hoje privativas da União), para que os demais entes federados possam fazer seus próprios ajustes fiscais.

A fim de se assegurar autonomia financeira aos Estados e municípios, há de se estabelecer um pacto federativo onde os três níveis de governo caibam no orçamento. No modelo atual, arrecadam-se 35% do Pib, e são gastos quarenta por cento.


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