JOÃO TEIXEIRA JUNIOR
ILUSTRADO ENGENHEIRO
PALMACIANO
Vianney Mesquita*
A humanidade pronuncia um discurso interminável do qual cada homem
ilustre é uma ideia. (Alfred Victor DE
VIGNY. Loches, 27.03.1757; Paris, 17.09.1863).
Expresso com
redobrado contentamento o fato de que, dos meus conterrâneos atuantes, sem
contar com seus sete irmãos (cinco mulheres) e meus onze (duas), o
engenheiro-civil competente e empresário bem-sucedido João Teixeira Junior, seguramente,
é o mais ilustrado.
Hoje mantendo com
ele vinculações mais remotas, em razão de circunstâncias diversas – trabalho,
família, atuação cultural e científica de ambas as partes – porém sem perder os
liames de amizade bem transitada, ainda conservo essa afeição quase fraterna e
consistente, constituída na então relativamente atrasada, mas bucólica e ingênua,
Palmácia dos anos de 1950/1960.
Ali, sob a larga e sombrosa
umbela dos nossos genitores Maria Giselda Coelho Teixeira - João Teixeira Filho
e Maria de Lourdes Campos de Mesquita - Vicente Pinto de Mesquita, vivemos uma
meninice garrida e venturosa, durante a qual, evidentemente, naquelas
circunstâncias de brincadeiras constantes e despreocupações relativamente aos
vires-a-ser de cada um, não atinávamos para um imenso rol de embaraços
enfrentados pelos dois casais no que concerne a uma criação decente.
Essa transmissão
educacional se assentava nos devidos cuidados para com o futuro, na moral e na
responsabilidade, pelejando para conservar uma higidez completa (a despeito de
sarampos, coqueluches, tísicas e outras mazelas em curso naqueles tempos
escassos), e em tantas outras inquietações paternais dos mais diversos aspectos
da educação civil, a fim de que os filhos tomassem bom rumo e se aprestassem
aos procederes de urbanidade, esperados das duas constituições familiais, então
consideradas modelares pelos habitantes dos bairros da Vila Campos (Mesquitas)
e do Sítio São José (Teixeiras), e que viviam em diuturna interação.
Impõe-se
acrescentar, para alimentar um pouco essa rapidíssima e incompleta história,
que o grupo familiar Coelho Teixeira, constante e sucessivamente, tinha o
hábito de acolher primos, sobrinhos, irmãos, cunhados e aparentados dos dois
cônjuges, em feriados, férias e, às vezes, até, para morar, de modo que
chegaram a residir no “São José”, por exemplo, o Marco Antônio, o Tarcísio e o
Benedito – dos que me lembro – de sorte que a amizade doméstica foi bastante
benéfica em um futuro meio turvo que assentou à família, conforme cuido,
ligeiro, em referência mais à frente.
Eram as duas
sucessões, de extensão pronunciada demais para hoje – oito e doze filhos – no
entanto, havidas como ocorrência normal naqueles tempos sem “media frias”
(no dizer de McLuhan), nem internet, desprovidas de redes sociais, tampouco
(felizmente) de fakes etc, apelando-se para as novelas de rádio, como a
do Jerônimo, o herói do sertão, de Moysés Weltman, ouvidas na Rádio
Jornal do Comércio (Recife), porquanto, à noite, não se “pegava” em Palmácia as
duas emissoras de Fortaleza (Rádio Iracema e PRE-9).
Conforme sucedeu com
o meu grupo familiar, que veio morar em Fortaleza em 2 de agosto de 1960, os
meninos do João Teixeira - Prof.a Giselda fizeram as primeiras letras na
própria cidade natal e alguns parte do Ginasial (de então).
Eis que um rude
infortúnio pairou sobre a Família, com a moléstia lenta, mas progressiva e
fatal, do patriarca, o industrial e produtor rural João Teixeira Filho, genitor
do engenheiro civil sob comento, há 45 anos, Teixeira Junior, de quem trato
nestas linhas.
Então, no curso
dessa terrível manifestação patológica, denominada esclerose amiotrófica
múltipla, que conduziu a óbito seu portador em 17 de outubro de 1970, redobrou
o trabalho da Prof.a. Giselda, e o Teixeira Júnior teve de, mesmo ainda muito
novo, cuidar dos negócios de que tratava o pai – principalmente ligados à
indústria e agricultura nas terras do “São José” – fabricação da aguardente Iracema
e de outras marcas, de farinha, serraria etc.
Quando do passamento
do pai, o Teixeira Junior já estava na Escola de Engenharia, da Universidade
Federal do Ceará, ainda no Benfica, como aluno (tirante lapso) dos irmãos
Gondim Pamplona – César Nildo, José Helito e Afrodísio Durval, de quem fui
aluno (exceto de José Helito) na Escola Técnica Federal – Curso de Edificações.
Preparara-se para o difícil e concorrido exame vestibular, primeiramente, no
Colégio Santo Inácio – dos Jesuítas – e, mais intensivamente, no Colégio
Cearense, dos Irmãos Maristas.
Antes de adentrar a
atividade agrícola, com a produção de frutas – do que se ocupa ainda hoje –
militou na área da Engenharia Civil, com a máxima competência e desvelo, tendo
montado uma empresa própria de construção, oportunidade em que executou
projetos e desenvolveu edificações, entre outros, para o Banco do Nordeste e
Caixa Econômica Federal.
Seu êxito
empresarial, evidentemente, não foi fácil, pois teve de “passar por cima” de outros
problemas muito graves, da dimensão da moléstia de seu pai (como o óbito de sua
primeira mulher, Liana) e das dificuldades pelas quais transitaram sua Mãe e
seus irmãos, estes na passagem da infância para a juventude e adultícia,
morando em casas de parentes, até se reunirem em residência em Fortaleza.
O fato é que, por
fim, seus sete irmãos, três dos quais engenheiros – a igual do que ocorreu com
nós doze, os Mesquitas, incluindo diplomas stricto sensu nos dois grupos
– graduaram-se em cursos superiores, em
ofícios de alteada relevância, fato denotativo de vitória final brilhante, após
atropelarem vigorosamente os desencantos propiciados pelos reveses, a que não
se curvaram, muitos dos quais não referidos neste artigo, comprovando o
brocardo latino segundo o qual flexo, sed non frango = envergo, mas
não me quebro.
Peço escusas ao
prezado leitor pelas notas esparsas expressas nessas linhas, pois o
acompanhamento desse enredo foi observado de longe, sem uma aproximação mais
efetiva com a família, até porque meu grupamento, também, enfrentou enigmas
semelhantes.
Ao cabo dessas
velozes e inacabadas notações, cumpre-me exprimir o fato de que o engenheiro João
Teixeira Junior, que ora perfaz quarenta e cinco anos de formado pela Alma
Mater da maioria dos cearenses – a celebrada mundialmente Universidade
Federal do Ceará – continua pessoa das mais distintas, educado, fino, de
conversação agradável e substanciosa, no que diz respeito à extensibilidade de
suas opiniões.
Nas rapidíssimas conversações que temos
mantido, nomeadamente por telefone ou antes e durante as sessões da Arcádia
Nova Palmaciana, onde habita uma das cátedras de imortal como o árcade Juan
Bóreas, quando não comunga de um conceito ou é contraditado em conjecturas
de seu arbítrio, mesmo no terreno temático onde atua e domina – a cultura e
comercialização da banana, por exemplo – ele se reserva ao silêncio ou
emite simpatia por meio do riso.
Sem dúvida, esta
educação, oriunda do berço, recebeu complementos de seu pai-mãe, desde a
primeira infância estudada por Jean Piaget, passando pela juventude, até a maturidade,
comportamento ainda a pleno emprego na proximidade de perfazer 70 anos de
idade, o que vai ocorrer (isto é uma glória!) em fevereiro de 2020.
Neste ensejo, muito
me apraz direcionar parabéns aos engenheiros civis que completaram 45 anos de
graduados – o Jubileu de Rubi – pela décima nona mais importante
Academia da América Latina e do Caribe – Universidade Federal do Ceará –
conforme a revista britânica THE – Times Higher Education.
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