ESTUDOS QUALITATIVOS
(Para a Área da Saúde - Livro no Prelo)
Vianney Mesquita*
Ó saúde, saúde! Bênção
dos ricos! Riqueza dos pobres! Quem pode comprar-te por preço demasiadamente
caro, se sem ti não há prazer neste mundo? (Benjamin Jonson, dramaturgo inglês).
Depreendemos ser de
domínio do saber geral, porém não é nocivo relembrar, o fato de que, antes de
instituído o SUS no Brasil, pela Lei número 8080, de 19 de setembro de 1990, o
cuidado público em relação à saúde no País era atrasado, inteiramente obsoleto
e quase exclusivamente empresarial.
Conforme a letra rica
da História, excetuam-se, por exemplo, os atendimentos procedidos pelas Santas
Casas de Misericórdia e outras instituições de caridade, quase sempre vinculadas
a confissões religiosas, ao modo como se verificou com a saúde pública desde os
começos da civilização em todo o Mundo, especialmente para as pessoas
desprotegidas de recursos financeiros, mulheres, crianças, portadores de
doenças mentais e outros pouco ou não favorecidos pela sorte.
De tal maneira, no
Brasil, a “atenção à saúde” era, por assim dizer, inexistente, e só funcionava
para aquelas pessoas com relação de emprego e carteira de trabalho assinada. Os
hospitais, na sua maioria, eram particulares e mantinham vínculo comercial com
o Poder Público, provavelmente, em pactos vantajosos para os primeiros, por
intermédio dos então institutos de aposentadoria e pensão, muito depois
substituídos pelo INSS – Instituto Nacional do Seguro Social, instituído somente
após a Nova Constituição, em 27 de junho de 1990, o qual tomara, bem antes,
outros nomes e atribuições.
Sucedeu que,
afortunadamente – embora em ocorrência bem tardia – foi promulgada a
Constituição de 1988, marcante evento histórico a situar nossa Nação na lista
de Estados democráticos e em desenvolvimento, modificando diametralmente, e
para melhor, o status quo do País no
concerto internacional e, muito particularmente, no âmbito dos seus limites
internos, fato representativo da inauguração da segunda fase da nossa história,
assinalada, pois, pela Carta Magna, há 29 anos em vigor.
De tal sorte, como
saudável consequência deste sucesso sem igual para o enredo autêntico do
Brasil, aconteceu, também, a criação do Sistema Único de Saúde – SUS, o qual,
diferentemente das circunstâncias mencionadas há pouco, na conjunção das quatro
unidades federadas – União, Estados, Distrito Federal e Municípios – trabalha a
atenção global, universalizando-a desde o atendimento ambulatorial ao
transplante de órgãos. O SUS opera obediente às diretrizes do Art. 198-CF, conformado
a ampla legislação complementar e a inúmeros outros instrumentos normativos e –
não demora lembrar – sob a medida das ideias de descentralização, atendimento
integral e participação comunitária.
No mesmo rastro do
atraso secular há instantes manifesto, evidentemente, inexistiam estudos mais
espessos em configuração e teor, em especial, como os experimentos defendidos neste
livro. Tal sucedia porque as universidades e institutos de estudos formais e
investigação científica no plano da Saúde, pelo fato de pesquisarem muito pouco
(expressamo-nos em termos de Brasil), não se atinham à necessidade de
investigar, por exemplo, assuntos como os que configuram a coletânea de que ora
cuidamos.
Realmente, em sua
maior parte, os motivos demandados eram matérias substantivas das Ciências da
Saúde, como, no terreno da Patologia, o estudo das doenças no contexto dos
vários sub-ramos e ofícios funcionais dessa conjunção de conhecimentos
ordenados, relações dos profissionais com pacientes e tantos outros temas desse
repertório, estudados com maior profundez desde Hipócrates e Paracelso, sem
pesquisar, certamente por descabido, a respeito de temáticas vinculadas à
apropriação de métodos e técnicas de busca sob os pressupostos da Metodologia
Científica, conforme os capítulos enfeixados nesta publicação, estudos
absolutamente necessários na contextura atual de pesquisa.
No decurso desse
tempo, principalmente após a comentada instituição do SUS, consequência direta
da Constituição Cidadã, cresceu em proporções a produção de trabalhos
acadêmicos no recinto das diversificadas taxionomias das Ciências da Saúde,
considerando-se as ligações estreitas com outros ramos do disciplinamento
científico, conforme acontece de ser com os estudos qualitativos, envolvendo
teorias e meios de coletar informações para servir à causa adjetiva da
percepção e propagação, por via do trabalho intelectual, de descobertas
resultantes das investigações.
Muito nos contenta,
pois, vir a público para certificar a qualidade e já atestar a certeza do
alcance editorial de uma obra da dimensão desta, que o público especializado
brasileiro, leitor e produtor na seara de estudos em Ciências da Saúde, tem a
oportunidade de deparar e, após seu exame, contribuir com os acrescentamentos
naturais em pesquisas que houver por bem realizar, em favor da evolução dos
pensamentos aqui esboçados.
Decerto, pelo que este
livro traz no concernente a entendimentos novos e bem meditados no que respeita
ao modus operandi de produzir
conhecimento no terreno da progressiva criação do saber ligado à Saúde no
Brasil, vai o leitor-estudioso incorporar às suas produções os conceitos
recém-alcançados e aqui reunidos, fazendo aportar ao repertório científico da
área as compreensões mais recentes, transitadas pelo crivo da Metodologia
própria deste largo ramo da literatura ordenada e atestadas pela exigente
autoridade da Epistemologia.
Estudos Qualitativos – Enfoques Teóricos e
Técnicas de Coleta de Informações – é um conjunto de dezoito capítulos, organizado pela
Prof.a Dr.a Raimunda Magalhães da Silva e cols., abrigando ensaios de elevado
valor informacional, da lavra de nada menos do que 61 autores nacionais e do
Exterior (Espanha e Portugal), em sua maioria, vinculados ao ofício acadêmico,
particularmente da seara do magistério superior e em programas de pós-graduação
stricto sensu.
Todos os textos, sob
providências editoriais das Edições UVA,
de Sobral-CE, provêm de análises
procedidas na contextura de instituições universitárias em atividades de
pós-láurea, também de estreito
sentido, de modo a nos alimentar a convicção de que esta seleta experimentará
excelente recepção por parte dos consulentes afins ao seu sortimento em todos
os quadrantes por onde circular.
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