terça-feira, 19 de setembro de 2017

PREFÁCIO - Estudos Qualitativos (VM)


ESTUDOS QUALITATIVOS
(Para a Área da Saúde - Livro no Prelo)
Vianney Mesquita*


Ó saúde, saúde! Bênção dos ricos! Riqueza dos pobres! Quem pode comprar-te por preço demasiadamente caro, se sem ti não há prazer neste mundo? (Benjamin Jonson, dramaturgo inglês).


Depreendemos ser de domínio do saber geral, porém não é nocivo relembrar, o fato de que, antes de instituído o SUS no Brasil, pela Lei número 8080, de 19 de setembro de 1990, o cuidado público em relação à saúde no País era atrasado, inteiramente obsoleto e quase exclusivamente empresarial.

Conforme a letra rica da História, excetuam-se, por exemplo, os atendimentos procedidos pelas Santas Casas de Misericórdia e outras instituições de caridade, quase sempre vinculadas a confissões religiosas, ao modo como se verificou com a saúde pública desde os começos da civilização em todo o Mundo, especialmente para as pessoas desprotegidas de recursos financeiros, mulheres, crianças, portadores de doenças mentais e outros pouco ou não favorecidos pela sorte.




De tal maneira, no Brasil, a “atenção à saúde” era, por assim dizer, inexistente, e só funcionava para aquelas pessoas com relação de emprego e carteira de trabalho assinada. Os hospitais, na sua maioria, eram particulares e mantinham vínculo comercial com o Poder Público, provavelmente, em pactos vantajosos para os primeiros, por intermédio dos então institutos de aposentadoria e pensão, muito depois substituídos pelo INSS – Instituto Nacional do Seguro Social, instituído somente após a Nova Constituição, em 27 de junho de 1990, o qual tomara, bem antes, outros nomes e atribuições.

Sucedeu que, afortunadamente – embora em ocorrência bem tardia – foi promulgada a Constituição de 1988, marcante evento histórico a situar nossa Nação na lista de Estados democráticos e em desenvolvimento, modificando diametralmente, e para melhor, o status quo do País no concerto internacional e, muito particularmente, no âmbito dos seus limites internos, fato representativo da inauguração da segunda fase da nossa história, assinalada, pois, pela Carta Magna, há 29 anos em vigor.

De tal sorte, como saudável consequência deste sucesso sem igual para o enredo autêntico do Brasil, aconteceu, também, a criação do Sistema Único de Saúde – SUS, o qual, diferentemente das circunstâncias mencionadas há pouco, na conjunção das quatro unidades federadas – União, Estados, Distrito Federal e Municípios – trabalha a atenção global, universalizando-a desde o atendimento ambulatorial ao transplante de órgãos. O SUS opera obediente às diretrizes do Art. 198-CF, conformado a ampla legislação complementar e a inúmeros outros instrumentos normativos e – não demora lembrar – sob a medida das ideias de descentralização, atendimento integral e participação comunitária.

No mesmo rastro do atraso secular há instantes manifesto, evidentemente, inexistiam estudos mais espessos em configuração e teor, em especial, como os experimentos defendidos neste livro. Tal sucedia porque as universidades e institutos de estudos formais e investigação científica no plano da Saúde, pelo fato de pesquisarem muito pouco (expressamo-nos em termos de Brasil), não se atinham à necessidade de investigar, por exemplo, assuntos como os que configuram a coletânea de que ora cuidamos.

Realmente, em sua maior parte, os motivos demandados eram matérias substantivas das Ciências da Saúde, como, no terreno da Patologia, o estudo das doenças no contexto dos vários sub-ramos e ofícios funcionais dessa conjunção de conhecimentos ordenados, relações dos profissionais com pacientes e tantos outros temas desse repertório, estudados com maior profundez desde Hipócrates e Paracelso, sem pesquisar, certamente por descabido, a respeito de temáticas vinculadas à apropriação de métodos e técnicas de busca sob os pressupostos da Metodologia Científica, conforme os capítulos enfeixados nesta publicação, estudos absolutamente necessários na contextura atual de pesquisa.

No decurso desse tempo, principalmente após a comentada instituição do SUS, consequência direta da Constituição Cidadã, cresceu em proporções a produção de trabalhos acadêmicos no recinto das diversificadas taxionomias das Ciências da Saúde, considerando-se as ligações estreitas com outros ramos do disciplinamento científico, conforme acontece de ser com os estudos qualitativos, envolvendo teorias e meios de coletar informações para servir à causa adjetiva da percepção e propagação, por via do trabalho intelectual, de descobertas resultantes das investigações.

Muito nos contenta, pois, vir a público para certificar a qualidade e já atestar a certeza do alcance editorial de uma obra da dimensão desta, que o público especializado brasileiro, leitor e produtor na seara de estudos em Ciências da Saúde, tem a oportunidade de deparar e, após seu exame, contribuir com os acrescentamentos naturais em pesquisas que houver por bem realizar, em favor da evolução dos pensamentos aqui esboçados.

Decerto, pelo que este livro traz no concernente a entendimentos novos e bem meditados no que respeita ao modus operandi de produzir conhecimento no terreno da progressiva criação do saber ligado à Saúde no Brasil, vai o leitor-estudioso incorporar às suas produções os conceitos recém-alcançados e aqui reunidos, fazendo aportar ao repertório científico da área as compreensões mais recentes, transitadas pelo crivo da Metodologia própria deste largo ramo da literatura ordenada e atestadas pela exigente autoridade da Epistemologia.

Estudos Qualitativos  Enfoques Teóricos e Técnicas de Coleta de Informações  é um conjunto de dezoito capítulos, organizado pela Prof.a Dr.a Raimunda Magalhães da Silva e cols., abrigando ensaios de elevado valor informacional, da lavra de nada menos do que 61 autores nacionais e do Exterior (Espanha e Portugal), em sua maioria, vinculados ao ofício acadêmico, particularmente da seara do magistério superior e em programas de pós-graduação stricto sensu.




Todos os textos, sob providências editoriais das Edições UVA, de Sobral-CE, provêm de análises procedidas na contextura de instituições universitárias em atividades de pós-láurea, também de estreito sentido, de modo a nos alimentar a convicção de que esta seleta experimentará excelente recepção por parte dos consulentes afins ao seu sortimento em todos os quadrantes por onde circular.


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