quinta-feira, 7 de setembro de 2017

DISCURSO - Chanceler Edson Queiroz Neto


POSSE NA ACLJ
DISCURSO DO CHANCELER
EDSON QUEIROZ NETO


Cumprindo seu ritual interno, essa nobre Academia Cearense de Literatura e Jornalismo nos aclamou e convidou – tia Paula e eu – para integrarmos o seu valoroso quadro de Beneméritos, a sua mais alta comenda.

Muito nos honra, a ambos, essa aclamação e o distinto convite, tanto pela dignidade de nos tornarmos Beneméritos como por ocuparmos, com nossa aceitação, as vagas deixadas, respectivamente, pela minha avó Yolanda e pelo meu pai Airton.

Minha família vem mantendo elos sentimentais com essa nobre Academia desde a sua constituição, quando o nome do meu avô Edson Queiroz foi escolhido para ser o Patrono da Cadeira de nº 3, de sócio efetivo.

Consideramos muito justa essa homenagem, porque Edson e Yolanda Queiroz mostraram alto apreço pelo jornalismo, ao investirem para formar o Sistema Verdes Mares, o maior conglomerado de veículos de comunicação do Ceará, integrando rádio, jornal e televisão.

Importa lembrar que as primeiras manifestações intelectuais cearenses, ainda na aurora do Século XIX, foram registradas através da Imprensa combativa e partidária.

Os jornais impresso eram então panfletos virulentos e refletiam a luta política provincial, mas abrigavam também as incipientes produções literárias, sobretudo poemas e contos, como o jornal “Fraternidade”, patrocinado pela Academia Francesa em 1873, e o jornal “Libertador”, que começou a circular em 1882, custeado pela entidade que reivindicava a abolição da escravatura.

Um século depois Edson e Yolanda Queiroz fundaram o jornal Diário do Nordeste e a televisão Verdes Mares, o que evoca aquelas raízes históricas e nos vincula à vocação do Estado. É certo que foi necessária a ampliação do número de veículos de imprensa, a eles incorporando-se as rádios Verdinha e FM 93, a TV Diário e as novas plataformas da Internet, devidamente adaptados aos conceitos e aos processos contemporâneos.

Por isso, o moderno jornalismo do Sistema Verdes Mares se faz fidedigno aos fatos, para que seja respeitado pela opinião pública; se rege por princípios transparentes que priorizam o interesse público e a ética; se expressa com independência e imparcialidade, acolhe a pluralidade de pensamento e defende a liberdade de expressão.

Igualmente criação memorável de Edson e Yolanda Queiroz, a Universidade de Fortaleza introduziu a educação superior privada no Ceará, a fim de proporcionar aos jovens a habilitação profissional. 

Quanto a meu pai, Airton Queiroz, coube-lhe consolidar o trabalho tão bem começado pelo meu avô. Na sua longa gestão como Chanceler, ele expandiu as áreas humanísticas e científicas da Unifor, abrindo cursos de jornalismo e deferindo vigoroso estímulo às artes plásticas, cênicas e musicais. Ainda instituiu, especificamente, concurso literários que animam os poetas e os prosadores carentes do reconhecimento de suas obras. Além disso, Airton Queiroz valorizou simbolicamente a Literatura Cearense, ao instalar uma parte da biblioteca pessoal da romancistas Rachel de Queiroz num espaço privilegiado da Biblioteca Central da Unifor.

Essa nobre Academia elegeu como principal finalidade promover “a cultura da língua falada e da literatura”. Trata-se de um objetivo fundamental para multiplicar o número de leitores qualificados no contexto de nossa sociedade. Já a Padaria Espiritual, agente provocador da maior efervescência intelectual em Fortaleza, no ocaso do Século XIX, reclamava a falta de leitores sem os quais o escritor local não sobrevive, e foi o motivo pelo qual muitos deles emigraram para o Sudeste. A verdade é que esse fenômeno opressivo se repete no presente. Fora do eixo Rio-São Paulo, o autor não coloca seus livros no mercado nacional e nem alcança a projeção que o seu talento merece.

Portanto, é inestimável a atuação dessa Academia nestas duas vertentes do conhecimento humano: a Literatura e o Jornalismo. Dentro de nossas possibilidades, tia Paula e Eu, nos engajamos nessa missão cultural, na certeza de que dessa forma contribuiremos com o legado de nossa família.

Agradeço, pessoalmente, à Acadêmica Fátima Veras, Magnífica Reitora da Universidade de Fortaleza, pela generosa saudação a mim dirigida, e pelas palavras afetuosas a meu pai Airton, a quem ela conheceu de perto e pode dar agora o testemunho de seu trabalha e de seu enorme engenho humanístico. Muito obrigado, de coração.

Em nome da Dra. Paula Queiroz Frota, manifesto o seu agradecimento à saudação que lhe foi proferida pelo acadêmico Ubiratan Aguiar, ínclito presidente da Academia Cearense de Letras, que com seus dotes de orador e força de expressão poética traçou o perfil de Yolanda Vidal Queiroz e sublinhou as qualidades que ornam a personalidade de Paula Queiroz Frota, uma patrocine da cultura que fundou com espírito pioneiro, tendo ao seu lado o marido Sílvio Frota, o Museu da Fotografia do Ceará.

Agradecemos, nós, com emoção, a todos os membros dessa nobre Academia, na pessoa de seu ilustre presidente, Reginaldo Vasconcelos, pela concessão do título com o qual estamos sendo distinguidos. Somos gratos também aos amigos presentes nesta solenidade. Muito obrigado.


Edson Queiroz Neto.        

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