OS
QUATRO DÊS
Humberto
Ellery*
A posse ontem da Procuradora-Geral da
República, Dra. Raquel Dodge foi plena de sinais positivos. Se palavras podem
significar alguma coisa, seu discurso de posse foi irretocável. Depois dos
desmandos e atropelos às Leis perpetrados por seu antecessor, foi com alívio
ouvi-la dizer que “os valores que defenderemos e que definirão nossas ações
estão na Constituição (...) o respeito à Lei e às instituições, observância do
devido processo legal e responsabilidade. São os atributos da Cidadania”.
A não citação da Operação Lava-Jato foi
emblemática, significa dizer que ela percebe um Ministério Público muito maior
que uma operação de combate à corrupção, por importante que seja. Sua atuação
por certo vai mostrar ao País a verdadeira dimensão do MP, que tem sido
relegado a um “samba de uma nota só”.
Os que a conhecem dizem ser a Dra. Raquel uma
pessoa Dura nas suas exigências, Destemida na persecução aos
criminosos, Determinada em seus objetivos, e, por ser uma pessoa polida,
educada, é muito Delicada no trato com as pessoas. São quatro dês, que combinam bem com seu
sobrenome Dodge.
Já o Sr. Rodrigo Janot não tem atributos que
eu admire. A começar por sua intolerável arrogância, sua postura de quem está
rempli de soi-même, seu linguajar debochado, incompatível com uma
autoridade que deveria estar, isso sim, num jardim de infância brincando de
índio com seus bambus e suas flechas.
Seu descompromisso com valores da nossa
Constituição, como a presunção de inocência, o devido processo legal, o
contraditório, a ampla defesa. Sua total irresponsabilidade com o sigilo
judiciário, promovendo vazamentos seletivos com objetivos espúrios. Seu descaso
para com uma investigação criteriosa a partir das delações (pois para isso é
que existem), elevando delações e ilações ao patamar de provas. Sua desfaçatez
em mover um Processo contra o Presidente da República e depois admitir
cinicamente que não tem provas.
Além dessa imagem pública, fátua, para mim
totalmente negativa, pesam contra ele episódios mal explicados, como o diálogo
do Ex-Presidente Lula com o Advogado Sigmaringa Seixas, quando o boquirroto,
naquele seu típico linguajar de mictório de cabaré, referindo-se ao então Procurador-Geral afirma que “...esse cara, se fosse formal, não seria
Procurador-Geral, teria tomado cajú, teria ficado em terceiro lugar”,
numa claríssima confissão de que houve fraude na eleição entre os procuradores
que o alçaram ao posto que ele não soube honrar.
Seu açodamento em vazar para o Lauro Jardim,
da Rede Globo, noticia da delação do Joesley, afirmando conter “coisas
gravíssimas” contra o presidente Temer (que depois se mostraram completamente
ineptas), justamente no dia 17 de maio, quando todos sabíamos que estava
marcado para o dia seguinte, o dia 18, a primeira votação da inadiável Reforma da
Previdência, que por conta do escândalo fabricado foi cancelada, e até hoje
estamos aguardando que o Congresso dê esse passo importantíssimo para o
deslanchar da economia do País.
Se vocês se deram ao trabalho de ler sua
denuncia contra o PT, viram com certeza esta pérola de redação, assassinando a “inculta
e bela”: “...entre os anos 2002 e 2016 integraram e estruturaram uma Organização
Criminosa com atuação durante o período em que Lula e Dilma sucessivamente titularizaram a Presidência da República, para cometimento de uma miríade de
delitos, em especial contra a Administração pública em geral”.
O “ilustre” Procurador certamente queria dizer exerceram a
titularidade da Presidência da República, mas, para demonstrar uma erudição
que não tem, numa ousadia que só os ignorantes possuem, inventou o verbo “titularizar”, que não existe no vernáculo.
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